Caderno em branco e caneta é tudo que Maria José de Almeida precisa para escrever uma nova etapa da sua vida. Ex-aluna da rede pública estadual, ela vive uma transição entre a conclusão do Ensino Médio e o ingresso no Ensino Superior. Um sentimento jovem que a fascina no auge dos 75 anos de idade. Aprovada no vestibular de uma faculdade goiana, Maria José quer se dividir entre ser avó de quatro netos e universitária na área de gestão.

É um sonho que vira realidade graças aos anos de aprendizado na Educação de Jovens e Adultos (EJA), programa oferecido pela Secretaria de Educação, Cultura e Esporte a estudantes acima de 15 anos que, por algum motivo, não concluíram os estudos na idade convencional. No caso de Maria José, as idas à escola foram interrompidas quando ainda tinha 15 anos de idade e retomadas mais de meio século depois.

“Eu tinha 72 anos quando decidi voltar para sala de aula. A vida me ensinou muita coisa, mas sentia que faltava algo: o conhecimento que somente na escola a gente adquire”, disse ao lembrar os motivos que a separaram dos livros. “Antigamente o povo fazia a cabeça da gente dizendo que mulher tinha que ser dona de casa. Eu além de trabalhar, sempre quis fazer faculdade, mas era um sonho antigo, muito distante”.

A estudante pretende escrever um livro sobre sua história de vida.A estudante pretende escrever um livro sobre sua história de vida.

Lição de vida
Cheia de planos para o futuro, Maria José pretende escrever um livro sobre sua história de vida. Natural de Uberaba (MG), a agora futura universitária deixou, na época, os estudos para trabalhar e ajudar a mãe, viúva, nas despesas da casa. Ela era adolescente quando aprendeu a cozinhar e costurar. Mudou-se para Goiânia aos 20 anos e decidiu abrir o próprio negócio. “O salão de beleza tomava muito tempo. Tentei voltar para a escola anos depois, mas já era mãe de dois filhos e acabei desistindo para me dedicar à criação deles”, lembra.

Foi em 2012 que, trabalhando como maquiadora em uma emissora de TV, Maria José decidiu focar no objetivo de concluir o ensino médio. “Eu era complexada. As coisas não valem nada se a gente não estudar, tive essa compreensão. A pessoa pode ter muito dinheiro ou qualquer outra coisa, mas se falta estudo não é feliz por completo”, comenta ao dizer que um amigo cabeleireiro indicou a EJA para retomada da jornada estudantil.

Na sala de aula em uma unidade no Setor Universitário, dona Maria José compartilhou experiências e adquiriu conhecimento. Em um determinado momento, promoveu até uma oficina de maquiagem entre as estudantes. Conseguiu, ainda, entender no papel os fatos históricos que viveu. “Muita coisa da história eu presenciei, como a época de Getúlio Vargas e também a tomada de poder do governo militar. História, Geografia e Língua Portuguesa sempre foram minhas matérias favoritas”.

Agora que está prestes a ingressar no ensino superior, ela disse que sua irmã, de 73 anos, também pretende retomar os estudos na EJA. “Ela ficou impressionada quando soube do meu sucesso na escola. Abri novos horizontes, e ela disse que quer voltar a estudar também”, comentou já em busca de uma unidade educacional perto da casa da irmã. “Estou correndo atrás para ela não desistir da ideia, não é?”, completou, bem-humorada.

EJA

Agora que está prestes a ingressar no ensino superior, ela disse que sua irmã, de 73 anos, também pretende retomar os estudos na EJA.

Agora que está prestes a ingressar no ensino superior, ela disse que sua irmã, de 73 anos, também pretende retomar os estudos na EJA.

A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade da educação básica que atende estudantes de diversas faixas etárias desde 1973. São alunos que não sabem ler e escrever, mas pretendem ser alfabetizados, ou que já possuem habilidades, mas desejam adquirir o diploma.

Atualmente, a iniciativa está presente em 265 unidades escolares espalhadas por 126 municípios goianos. A atuação da EJA também abrange reeducandos privados de liberdade no complexo prisional do Estado.

A EJA recebe mais de 42 mil solicitações de matrícula por ano. Em 2014, o número total foi de 43.390 alunos matriculados. A tendência observada pela administração é o aumento da procura pela modalidade de ensino. Só no primeiro semestre deste ano já foram registrados 42.633.

*Reportagem da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte

Fonte: http://goo.gl/w9YS1W

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