Usina de In Amenas, em foto de arquivo; radicais islâmicos mataram dois e fizeram dezenas de reféns na Argélia.

Pelo menos 150 funcionários da empresa francesa de hotelaria CIS Catering estão retidos nas instalações da multinacional BP, atacada nesta quarta-feira por um grupo armado no sudeste da Argélia.

Antes das declarações do responsável da empresa, a agência oficial de notícias argelina informou que o grupo armado mantinha sequestradas 20 pessoas de nacionalidades norueguesa, britânica, americana, francesa e japonesa.

“Os 150 empregados argelinos de nossa filial Cieptal estão atualmente retidos no local do consórcio BP. Não podem sair da base”, declarou o presidente da sociedade, Régis Arnoux, ao site do “Le Journal du Dimanche”.

O dirigente da CIS Catering indicou que já alertou o Ministério de Relações Exteriores francês e a embaixada da França na Argélia.

“Segundo minhas informações, um grupo de 60 terroristas procedentes de países vizinhos, fortemente armados e muito bem aparelhados, atacaram a base nesta noite”, acrescentou.

“Tomaram como reféns todos os expatriados, sem distinguir nacionalidade (…) os empregados argelinos não têm a possibilidade de sair. Estão retidos no interior do lugar. A situação é muito preocupante”, comentou.

ESTRANGEIROS

No ataque das instalações de tratamento de gás, situadas na província de Ilizi, na fronteira com a Líbia, morreram duas pessoas, uma delas britânica, e outras seis ficaram feridas, quatro agentes de segurança argelinos e outras duas originárias do Reino Unido.

O primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, confirmou que vários cidadãos do país nórdico permanecem sequestrados.

“Posso confirmar que 13 noruegueses estiveram envolvidos no incidente”, disse Stoltenberg, acrescentando que não pode dizer com segurança quantos deles estão sequestrados.

A companhia petrolífera norueguesa Statoil, que opera a planta de gás com a argelina Sonatrach e a britânica BP, havia informado horas antes que, quando aconteceu o ataque, 17 funcionários seus estavam nas instalações, 13 deles noruegueses, e que quatro estavam a salvo em um acampamento militar.

“A situação na Argélia esta noite é séria e muito pouco clara”, declarou Stoltenberg em discurso realizado ao lado do ministro das Relações Exteriores, Espen Barth Eide, transmitido pelo canal público NRK.

A Noruega convocou um gabinete de crise e enviou uma equipe para ajudar à embaixada de Argel, além de manter um contato contínuo com a Statoil, as autoridades argelinas e as de outros países afetados pelo sequestro.

O governo dos Estados Unidos também confirmou que há cidadãos americanos entre os sequestrados. “Não vou entrar em números. Não vou entrar em nomes. Não vou entrar em mais detalhes enquanto estivermos trabalhando neste tema com as autoridades argelinas”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, em sua entrevista coletiva diária.

AUTORIA

Um grupo radical próximo à Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) e dirigido pelo argelino Mokhtar Belmokhtar, assumiu hoje a autoria do ataque através da agência privada de notícias mauritana ANI e afirmou ter em seu poder 41 reféns ocidentais, sete deles americanos.

O controvertido líder terrorista advertiu no último dia 5 de dezembro através de um vídeo divulgado na internet da criação de uma nova célula, os Signatários com Sangue, para fazer frente a uma eventual intervenção militar internacional no Mali.

Segundo o grupo, a operação é uma resposta à ingerência flagrante da Argélia e à abertura de seu espaço aéreo à aviação francesa para bombardear as áreas do norte do Mali, controlado por grupos armados salafistas desde junho do ano passado.

O grupo, que é vinculado à rede terrorista Al Qaeda, comandou durante anos os combatentes terroristas no deserto do Saara. Também são vinculados à rede os três grupos radicais que tomaram conta do norte malinês e expulsaram o Exército do país.

O ataque ao campo de gás na Argélia acontece no sexto dia de operações francesas no Mali, em que tropas francesas auxiliam o Exército local para retomar o controle do país. Paris recebe auxílio logístico de Reino Unido e Estados Unidos.

Em decorrência das ações, o governo do presidente François Hollande foi ameaçado pelos radicais islâmicos de ações contra representações diplomáticas e empresas europeias na África e alvos estratégicos na Europa.

Fonte: Folha

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