A Arábia Saudita decidiu permitir, pela primeira vez, que atletas mulheres participem dos Jogos Olímpicos.
Um comunicado da Embaixada Saudita em Londres diz que o comitê Olímpico do país irá “supervisionar a participação de mulheres atletas que se qualificarem”.
A decisão põe fim aos pedidos de desqualificação do país dos Jogos de Londres por discriminação de gênero.
A participação pública de mulheres no esporte ainda sofre forte oposição de diversos religiosos conservadores no país, onde quase não há tradição de mulheres esportistas.
O comunicado veio a cinco semanas do início da Olimpíada e acredita-se que apenas uma única mulher ainda teria chances de se classificar para os Jogos, a amazona Dalma Rushdi Malhas.
As autoridades recomendaram que quem conseguisse a classificação deveriam se vestir de modo a “preservar sua dignidade”.
Na prática, isso significa usar roupas soltas, modestas e um “hijab esportivo” – um lenço que cobre o cabelo, mas não o rosto.
No país, a decisão de permitir a classificação de mulheres é tida como um grande passo progressista. Ela veio após negociações secretas entre o rei Abdullah, que há muito vem pressionando para que mulheres tenham um papel mais ativo na sociedade, o príncipe herdeiro, o ministro das Relações Exterior e várias lideranças religiosas do país.
“O rei Abdullah está tentando iniciar a reforma de uma maneira sutil, encontrando o equilíbrio correto entre ir muito rápido e muito devagar”, disse um alto oficial à BBC.
“Por exemplo, ele permitiu a participação de mulheres no conselho Shura (uma junta que presta aconselhamento), então a decisão olímpica é parte de um processo contínuo, não é isolada.”
O oficial reconheceu que a recusa de deixar que mulheres participassem dos Jogos causaria uma má impressão na comunidade internacional.
“Em parte por causa do aumento das críticas, nós acordamos e percebemos que tínhamos que lidar com isso. Acreditamos que a sociedade saudita aceitará isso”, afirmou.
Não é a primeira vez que um monarca saudita apoiou uma reforma controversa contra a oposição doméstica.
O rei Faisal, que levou a televisão ao país nos anos 1960 e foi eventualmente assassinado, insistiu em introduzir a educação para garotas.
Hoje, o número de mulheres sauditas formadas nas universidades é maior do que o de homens.
Fonte: BBC