A cor ou a raça de uma pessoa pode ajudar a determinar que oportunidades ela vai ter no futuro. Essa foi a conclusão obtida por 63,7% dos entrevistados pela ‘Pesquisa das Características Étinico-Raciais da População’, realizada em 2008. De acordo com o estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em cinco estados brasileiros e no Distrito Federal, a maioria das pessoas acredita que a cor ou a raça influencia na vida do indivíduo. De acordo com o sociólogo Romero Ximenes, esse resultado representa uma maior conscientização da população brasileira quanto aos desafios que os negros e índios ainda enfrentam no país. “Ela [a pesquisa] revela uma consciência de raça no sentido de que ser negro é uma desvantagem”, afirma.

Segundo ele, o que se percebe é que, cada vez mais, está clara a existência da desigualdade entre raças no Brasil. “Antes a questão racial era escondida no Brasil, hoje está evidente que os índios e os negros ainda pagam o preço pela discriminação”.

De acordo com o levantamento realizado pelo IBGE, 96% dos entrevistados afirmaram saber identificar a própria raça. Ainda assim, apenas 7,8% deles se declararam negros. Apesar de destacar a forte mestiçagem presente em todo o Brasil, o sociólogo acredita que, devido as condições desiguais, muitas pessoas ‘camuflam’ a identificação da própria raça. “Algumas pessoas escondem a negritude e aproveitam para dizer que não são inteiramente negros, o que diminuia desvantagem”, explica. “A forma de colonização pesa até hoje porque o negro não era negro antes de vir para o Brasil, antes eles eram nações na África. Eles viraram negros pela condição de escravos”.

Além disso, os entrevistados revelaram acreditar que o trabalho é o aspecto que mais sofre influência racial. Com 71%, o setor ocupa o primeiro lugar, seguido da relação com a justiça com 68,3% e do convívio social com 65%.

MERCADO

Para a integrante e uma das fundadoras do Centro de Defesa e Educação do Negro no Pará (Cedenpa), Nilma Bentes, a desigualdade relacionada ao mercado de trabalho inicia desde a preparação do indivíduo negro. “As oportunidades desiguais vêm desde a capacitação, o que tem relação com a potencialização da classe centrada na população de baixa renda”, acredita. “Nascer negro, no Brasil, ainda é uma desvantagem, em princípio. A pessoa negra já nasce em desvantagem”.

Como medida para tentar amenizar essa distância, ela aposta na criação de cotas. “Nós brigamos pelas cotas para que possamos pelo menos nos equiparar, porque as oportunidades são diferentes até na educação”.

Ainda há muito preconceito. É muito mais difícil para uma pessoa negra conseguir um emprego.”Edcarlos Castro, vigilante

O que importa é a pessoa. Se ela tiver um bom estudo e melhor qualificação, a raça não influencia.” Mayara Dias, auxiliar de serviços gerais

Todo mundo é igual. A raça não tem nada a ver com as oportunidades de trabalho.” Michel Teixeira, agente de portaria

Pesquisadores visitaram 15 mil residências em 5 estados

A pesquisa utilizou como amostra cerca de 15 mil residências, porém, o Estado do Pará não está incluído dentre os que tiveram a população entrevistada. Ainda assim, para o vigilante Edcarlos Castro, o resultado da pesquisa está em acordo com a realidade brasileira. “Em algumas situações, a raça ainda influencia. Ainda há muito preconceito. É muito mais difícil para uma pessoa negra conseguir um emprego”.

Já para o agente de portaria Michel Teixeira, a raça ou a cor não influencia as oportunidades das pessoas. “Todo mundo é igual. A raça não tem nada a ver com oportunidade de trabalho”, acredita. “O que importa é a pessoa. Se a pessoa tiver um bom estudo e melhor qualificação, a raça não tem influência”, concorda a auxiliar de serviços gerais, Mayara Dias.

fonte: diário do pará

 

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