Um dia antes de conceder entrevista para repórteres, a presidente Dilma Rousseff recebeu com exclusividade o colunista Jorge Bastos Moreno para um jantar, no Palácio do Planalto. Estiveram presentes além de Dilma, as ministras da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Questionada até onde vai a ‘faxina’ no Ministério dos Transportes, Dilma foi enfática:

– A ‘faxina’ não tem essa coisa de limite. O limite é mudar o Ministério dos Transportes. É transformar o Ministério dos Transportes naquilo que é o seu próprio papel: a base da infraestrutura do país. Mas também é bom que todos saibam que não estamos agindo politicamente contra um partido. A ação é sobre pessoas que agiram de forma errada, e nem todas essas pessoas são de um mesmo partido. Isso precisa ser esclarecido.

Com um governo tão agitado, Dilma diz ainda não ter experimentado a chamada solidão do poder…

– Passei a conviver, isto sim, com a decisão solitária. Presidente da República tem que decidir e ser responsável pela decisão. É o momento grave, importante, que eu tenho comigo mesma. Posso ouvir e ouço, mas a decisão é minha. Essa é a maior responsabilidade do presidente da República: saber decidir.

Confira abaixo alguns trechos da entrevista:

PresidênciaMoreno : E, nessa hora sagrada, a senhora não pensa, por exemplo, o que fariam seus antecessores diante de situação semelhante? Sendo mais direto, a senhora não pensa se a sua decisão vai agradar ao Lula ou não?

– Olha, a responsabilidade é tão grande que a gente não pensa em agradar ou desagradar. A gente só pensa em tomar a decisão mais justa, mais correta. A responsabilidade é do presidente da República perante a nação. A responsabilidade do presidente da República é intransferível. Não dá para pensar em ninguém.

Amizade com FHMoreno: Eu soube que o Lula cobra muito da senhora esta sua amizade com FH…

– Não é verdade! Isso não é verdade! O presidente Lula nunca tratou desse tema comigo, nem em brincadeira!

Moreno: Diretamente, não. Mas ele já se queixou para terceiros na sua frente…

– Meu Deus! Como esse Sérgio Cabral é fofoqueiro! Ah, ele me paga! Pode escrever, ele me paga!

E confessa:

– Realmente, o presidente Fernando Henrique é uma pessoa muito civilizada, muito gentil. É uma conversa muito agradável. Tem gente que fica estarrecida com essa convivência, já que temos pensamentos políticos diferentes. Exatamente por isso é que as pessoas devem conversar. O governante, o político, não pode ficar limitado ao pensamento do seu grupo. Eu defendo a convivência dos contrários. Há pessoas muito agradáveis e inteligentes no governo e na oposição. Acho que, não só pelo prazer da boa prosa, mas, como presidente da República, tenho o dever de conversar com os diversos pensamentos da sociedade. Eu não sou presidente de um partido ou de uma coligação partidária, eu sou presidente da República.

fonte: o globo 

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