A polícia de Pequim efetuou a prisão de um grupo de chineses que tentaram vender um cadáver de uma mulher recém-sepultada para fazer um ‘casamento-fantasma’ na china.

O cadáver da mulher já tinha sido vendido pela própria família, residente na província de Herbei, por cerca de quatro mil euros, para juntar-se a outro cadáver.

No entanto, os saqueadores de sepulturas roubaram os restos mortais já com outro comprador em vista, tendo feito um desconto de 500 euros para compensar a decomposição.

Esta tradição, bastante comum nas zonas rurais e que está voltado com toda força nos países asiático, consiste em arranjar esposas para homens que tenham falecido solteiros, o que visa impedir que continuem sozinhos na vida eterna. Esta Tradição dos ‘casamentos-fantasma’ foi combatida pelo regime comunista.

De acordo com a tradição chinesa, homens solteiros com mais de 12 anos não podem ser enterrados sem uma mulher. Se isso ocorrer, acredita-se que infortúnios atingirão sua família, incluindo as futuras gerações.

Esta Tradição dos ‘casamentos-fantasma’ foi combatida pelo regime comunista, durante os anos do maoismo e da Revolução Cultural (1966-1976), a tradição milenar de “casamentos fantasmas” renasceu com força depois do processo de abertura iniciado em 1978 e ganhou ainda mais popularidade em anos recentes. A prosperidade econômica e o dinheiro movimentado pela indústria do carvão em províncias como Shaanxi inflacionaram esse mercado, no qual o preço do corpo de uma mulher jovem pode chegar a 200 mil yuans (R$ 57 mil).

O governo chinês conseguiu instituir a prática da cremação nos grandes centros urbanos, mas os enterros continuam a ser utilizados na zona rural, onde vive mais da metade da população do país. Com eles sobreviveram os “casamentos fantasmas”, apesar do violento ataque às tradições lançado no período de Mao Tsé-tung, que ocupou o poder da China de 1949 até sua morte, em 1976.

 

A prática não é encontrada em todo o interior do país. É mais frequente em certas regiões das províncias de Shaanxi, Shanxi, Henan, Hebei e Shandong e do município de Tianjin, segundo o professor de Cultura Popular da Universidade de Xangai Huang Jingchun, em entrevista por telefone.

 

A força das crenças ancestrais fica evidente no fato de que um dos locais em que a prática persiste é a cidade de Yan’an, principal base comunista durante a guerra civil contra os nacionalistas e ícone do “turismo revolucionário” na China.

Apesar da perseguição das autoridades de Pequim, nos últimos anos desenvolveu-se um mercado negro de cadáveres. Existe caso de  um homem preso há cinco anos por assassinar seis mulheres, alegando que dava menos trabalho fazê-lo do que desenterrar cadáveres.

Com os frequentes acidentes em minas de carvão de Shaanxi e Shanxi, o número de jovens do sexo masculino que morrem é maior que os do sexo feminino, o que acentua o já grave desequilíbrio populacional da China, onde há mais homens que mulheres.

Com a alta do preço e a escassez de corpos, muitas famílias pobres não conseguem realizar “casamentos fantasmas” para seus filhos e optam por imagens de mulheres que são colocadas no túmulo ao lado do morto.

Fonte: Estadão

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