Casos de entrada de pacientes sem identificação e sem acompanhantes nas unidades públicas de saúde são sempre muito  frequentes. No caso do Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa), a maioria deles chega trazida pelo Samu ou Corpo de Bombeiros e a maior demanda é sempre de moradores de rua e idosos. Na unidade, um trabalho minucioso desenvolvido por assistentes sociais e psicólogos, com o auxílio da Polícia Militar e do Ministério Público e de Conselhos Tutelares e Conselhos do Idoso, possibilita a identificação de pacientes e a localização dos familiares. Uma média de 10 casos de pacientes não identificados é atendida mensalmente pela equipe do Huapa.

A coordenadora do Serviço Social do Huapa, Carla Simone da Silva, explica que esse processo de identificação do paciente e de busca por familiares envolve desde a conduta que será tomada com o paciente dentro da unidade até a melhoria do quadro clínico dele.  E, segundo diz,  vai muito além da finalidade primeira de apenas não permitir que o paciente fique desacompanhado no hospital.

O trabalho de identificação
Quando o paciente é morador de rua, o hospital entra em contato com o Centro Especializado no Atendimento à População em Situação de Rua (Central POP) de Aparecida de Goiânia, e, nesse caso, por meio de uma visita de atendentes dessa Central, é feita a identificação do paciente.

Quando a pessoa hospitalizada não é moradora de rua e é desconhecido o local onde essa pessoa foi recolhida, o hospital contata o Instituto de Identificação do Estado. Nesse caso, papiloscopistas vão até a unidade, colhem as impressões digitais do paciente e o encaminha para um banco de dados. A partir daí, assistentes sociais do hospital buscam pelo nome da pessoa e, seguida, pela localização da família.

A busca por familiaresCoordenadora do Serviço Social do Huapa, Carla Simone da Silva. Foto: Ângela Scalon.

De acordo com Carla Simone, casos de pacientes que se identificam, mas que afirmam não possuir nenhum vínculo familiar, também são muito frequentes. Ela relata o caso de um paciente idoso que ainda no mês passado esteve hospitalizado na unidade.

“Começamos com uma busca ativa via cartão SUS, e dessa forma, conseguimos o endereço dele. Também fizemos o contato com o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas), com o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e com a equipe de saúde do município (de residência do paciente) e, pela busca ativa, conseguimos descobrir os nomes dos pais do paciente. Ele estava afastado de sua família havia 15 anos. Contatamos a família e a trouxemos até aqui no dia de sua alta, já que ele não tinha para onde ir. Essa família passou pelo atendimento psicossocial e em sigilo, a levamos até o paciente, que até então renegava esse contato. E o reencontro foi emocionante”, conta ela, sensibilizada.

De acordo com Carla Simone, a aceitação do paciente, nesse caso, foi muito grande. “Percebemos que o vínculo familiar desse paciente foi perdido, porém, o afeto dele pelos seus familiares, não.” Segundo ela, essa pessoa acompanhou a família e retornou para a casa da mãe no interior. “Ele retornou ao seio da família depois de 15 anos. Esse foi um trabalho do Serviço Social em parceria com o setor de Psicologia da unidade. Nesse trabalho temos total apoio da direção do hospital, que nos incentiva nessa busca e nesse apoio. Acredito que essa seja também uma forma de zelar pela saúde do paciente”.

Acolhimento
Todas as unidades hospitalares da rede pública estadual, dentro da Política Nacional de Humanização, têm trabalhado para melhorar o acolhimento tanto ao paciente quantos aos seus familiares.  Dentro dessa política, o Huapa oferece ainda  acompanhamento psicológico de familiares durante as visitas à UTI e à Reanimação; assistência social durante 24 horas; acolhimento semanal com acompanhantes/cuidadores e apoio psicossocial a familiares de paciente que vêm a óbito na unidade.

Fonte: http://zip.net/bhqP9y

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