O Irã anunciou que pode não participar da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, deste ano, por causa da presença do escritor indo-britânico Salman Rushdie, convidado para fazer o discurso de abertura do evento.

Crítico do papel da religião na sociedade, tema central de sua bibliografia, o autor recebeu do país uma sentença de morte – ou fatwa – em 1989, após a publicação de seu quinto livro, “Versos Satânicos”. A obra foi descrita como uma blasfêmia contra o Islã e o profeta Maomé.

Um comunicado do Ministério da Cultura iraniano, divulgado pela rede alemã “Deutsche Welle”, afirma que a feira de Frankfurt, “sob o pretexto da liberdade de expressão, convidou uma pessoa que é odiada no mundo islâmico”.

O ministro iraniano Seyed Abbas Salehi foi um dos organizadores do protesto contra o autor no país. “Isso foi organizado pela Feira do Livro de Frankfurt e cruza uma linha vermelha do nosso sistema político. Consideramos (o discurso) anticultural. A fatwa de Imam Khomeini sobre o assunto é um reflexo da nossa religião e nunca será dispensada. Pedimos aos organizadores que cancelem o discurso”, disse a uma emissora local, segundo o jornal “The Guardian”.

O país “protesta com veemência” contra a participação de Rushdie como orador convidado, diz o texto. Teerã pediu que outros países islâmicos seguissem o exemplo.

Os organizadores do evento justificaram o convite ao escritor afirmando que “a biografia de Rushdie e suas obras literárias fazem dele uma voz influente no debate mundial sobre a liberdade de expressão”, um dos temas-chaves da feira deste ano.

O autor, que atualmente vive nos Estados Unidos, é de família muçulmana e se identifica como ateu. Sua fatwa tem validade até hoje, mas o escritor não se cerca mais de um rígido aparato de segurança como no passado.

A possibilidade do boicote à feira, uma das maiores do mundo, é um duro golpe às editoras iranianas. No ano passado, 282 delas levaram mais de 1.200 títulos ao evento.

Brasil

Convidado de honra na edição de 2013 da Feira de Frankfurt, o Brasil retomará a já tradicional Caipirinha Hour neste ano em seu estande. “A ideia é que cada brasileiro que for ao evento, leve um gringo para aumentar a rede de contatos dos editores brasileiros que estiverem no estande”, explica Luiz Alvaro Salles Aguiar Menezes, gerente de relações internacionais da Câmara Brasileira do Livro ao site PublishNews.

Fonte: O Tempo

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