O ex-modelo Rafael Nunes, 31 morador de rua em Curitiba, foi internado por volta das 14h30 deste sábado (20) em um clínica de reabilitação de Araçoiaba da Serra (122 km de São Paulo). Ele ficou conhecido esta semana como “mendigo de Curitiba” depois que uma moradora da capital paranaense o fotografou e divulgou a foto no Facebook. A imagem foi compartilhada milhares de vezes nas redes sociais. Nunes está a caminho da cidade paulista.

Rafael Nunes já está internado em Aroçoiaba da Serra. Segundo Valter Lantazio. O Centro Terapêutico Araçoiaba, do município de Aroçoiaba da Serra, interior de São Paulo, se interessou pelo caso e por volta da 7h deste sábado (20), localizou Rafael próximo à Praça Tiradentes, mesmo local onde a foto que o tornou famoso foi retirada, no Centro da capital.

O presidente do Centro Terapêutico, na tarde deste domingo (21) Rafael passou por uma avalização psiquiátrica e já foi atendido por um dentista.

“Fizemos avaliação clinica assim que ele chegou e ontem, às 14h, ele foi atendido pela psiquiatrica. Hoje acordou bem”, conta ele.

 Valter explicou também que o tratamento de Rafael será de aproximadamente 6 a 8 meses.

“O tratamento dele será de 6 a 8 meses. Com certeza ele terá chance de voltar ao mercado de trabalho sim”, diz ele.

 A família de Rafael Nunes, acredita que depois de 18 internações, dessa vez, o rapaz irá se recuperar do vício.

Fabiana Nunes, irmã de Rafael, disse em entrevista à Record que encontrou o irmão quando ele foi recolhido para internamento. “Ele me deu um abraço, mas não sei se me reconheceu”, conta ela.

 A mãe de Rafael, Edith Claurene Silva, disse à reportagem do Domingo Espetacular que a família já morou em quatro estado diferentes (PR, RS, MT e PA) para tentar fugir do problema das drogas. “Estávamos fugindo da situação, mas eram sempre as drogas”, desabafa Edith. Ela acredita que dessa vez será diferente e que Rafael vai conseguir se recuperar.

Nunes morava em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, com os pais e com duas irmãs. Além de se modelo fotográfico, trabalhou como vendedor e feirante.

Há 10 anos quando Rafael recebeu o convite para trabalhar como modelo fotográfico, a família acreditou que ele se recuperaria de vez, mas infelizmente, isso não aconteceu. Segundo a família, ele usava drogas escondido e vendia objetos da casa para comprar a droga.

Emocionado, o pai do rapaz, José Nunes, disse que aos domingos, na hora do almoço, ele sempre guardava um pouco de comida, na esperança de Rafael aparecer para comer.

 “Eu vou conseguir reunir todos os meus filhos de novo em volta de uma mesa. É o meu sonho”, disse o pai.

 Para a irmã, agora é um momento de esperança, para que ele possa superar a dependência das drogas. “Nossa família está muito feliz pelo tratamento e agora rezamos para que ele fique lá e não ofereça resistência”, comentou.

 Carreira de modelo

 Segundo a empresária Irene Valenga, o rapaz fez um contrato com a agência de modelos dela em 2002. “Eu sou olheira da agência. Sempre estou de olho se vejo uma pessoa que tenha um rosto interessante e que tenha uma altura padrão. E um belo dia eu encontrei ele na rua e entreguei o cartão. Ele tinha acabado de voltar de Mato Grosso, onde morava com a família. No outro dia ele procurou a agência”.

Segundo Irene, o rapaz sempre levou “jeito” para o mundo da moda. “Ele sempre foi muito educado e sempre levou jeito como modelo. Durante o período do curso, ele conquistou todos os documentos que o reconheciam como tal. Nós até conseguimos um trabalho para ele por dois anos,  mas como ele queria um trabalho fixo, não pude ajudar por muito tempo”.

 A olheira contou que depois que encerrou o contrato no trabalho oferecido pela agência, o rapaz sumiu e ela nunca mais o encontrou. “Em 2011, ele apareceu aqui na agência. E eu me surpreendi muito porque ele estava enrolado em um cobertor, acredito que o mesmo da foto, e drogado. Eu até perguntei o que poderia fazer para ajudá-lo. Ele pediu um lugar para dormir e dinheiro. Como eu vi o desespero dele, sugeri interná-lo em uma clínica de reabilitação, mas ele não quis”.

 ”Eu acho que Deus está dando uma segunda chance pra ele. Sozinho ele não conseguiria. Tenho certeza que a partir disso a sociedade vai se unir e conseguir uma boa clínica”, ressaltou Valenga.

 Moradores e usuários de droga conhecem o jovem

Essa semana, no local, a reportagem do UOL conversou com usuários de drogas, comerciantes e integrantes do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) e descobriu que o rapaz é conhecido na região.

Segundo o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), que auxilia moradores de rua, ele chegou a ser encaminhado para a Casa de Acolhimento São José. “O problema dele é o crack”, afirmou Regiane da Silva Keppe, integrante da organização.

Os comerciantes da região também lembram da figura. “Ele aparece aqui quase toda noite. Parece meio louco, acho que por causa das drogas”, afirmou Jefferson Alves Leite, que trabalha em uma barraca de cachorro-quente no local. O proprietário do estabelecimento, Edgar Weber, também conhece o rapaz: “Essa história só vai deixar ele mais perdido”, afirmou.

Mas não é só pela beleza que o rapaz é lembrado pelas pessoas que circulam no centro de Curitiba. Segundo Luciano Romão, proprietário de um quiosque na praça, o morador de rua é “muito chato” e nem mesmo os outros usuários de drogas gostam dele. “Ele fica ‘zanzando’ por aqui. Enche o saco das pessoas, pede coisas e depois sai por aí, sem rumo”, disse.

 “O cara vive andando, é pilhado, e perturba um pouco, mas não chega a incomodar”, afirmou Carlos Humberto, mais conhecido como “Pulga”, um morador de rua da área.

 Benedito Antonio da Silva, atendente de uma lanchonete ali, também confirma que o “mendigo de Curitiba” costuma perambular pela praça. “Olha, ele dorme por aí. Sempre o vejo na hora do almoço ou um pouco antes. Não incomoda, mas dizem que ele realmente é um chato.”

 A partir da publicação, o post se tornou uma espécie de viral na rede, com comentários de todos os tipos, dos mais sarcásticos aos mais bem-humorados.

 Fonte: Uol/Band

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