O médico americano Kent Brantly, de 33 anos, e a enfermeira Nancy Writebol, de 59, que contraíram o vírus ebola de pacientes infectados na Libéria, receberam alta após passar por tratamento com um medicamento experimental nos Estados Unidos. Eles receberam o o soro ZMapp, produzido pela Mapp Biopharmaceutical, empresa com sede nos EUA. 

Brantly e Nancy estavam internados numa área de isolamento do hospital Universitário de Emory, em Atlanta, na Geórgia, há três semanas. Os dois foram os primeiros americanos infectados com ebola a serem tratados nos EUA. 

O fato de os dois missionários americanos terem recebido alta não significa, obrigatoriamente, que a ciência descobriu a cura para o ebola. O mesmo tratamento usado em Brantly e Writebol foi aplicado no padre espanhol Miguel Pajares, o primeiro europeu infectado pelo ebola. Ele não teve a mesa sorte de Brantly. Morreu no dia 12 de agosto, poucos dias após ser transferido para Madri. Os três foram os únicos a receber o ZMapp. A empresa diz que o estoque da droga está esgotado.

A Libéria, um dos países com maior número de casos registrados, foi o primeiro a receber do governo americano autorização para importar amostras do ZMapp. O soro contém um coquetel de anticorpos, extraídos em fábricas de tabaco, que atacam e desativam o vírus ebola. O remédio está em fase inicial de desenvolvimento e só foi testado em macacos. Em oito, mais especificamente – o que não serve de garantia de que funciona em humanos.  

A decisão de liberar o uso de tratamentos experimentais em pacientes infectados com o vírus foi anunciada na semana passada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Alguns críticos afirmam que, ao liberar os tratamentos potencialmente prejudiciais (já que não se conhece sua eficácia), a OMS está colocando em risco parte da população mais pobre do mundo. Mas prevaleceu a voz dos que defenderam que, diante da disseminação da epidemia, não se pode descartar qualquer chance de tratamento e de cura.

Segundo dados da OMS, 2.473 pessoas foram infectadas e 1.350 morreram desde março. A OMS disse que nenhum caso da doença foi confirmado fora de Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria –países afetados pelo surto– apesar de suspeitas terem surgido em outros lugares.

 

Imagem da enfermeira Nancy Writebol com crianças na Libéria, em outubro de 2013. Ela, que havia sido infectada com ebola, recebeu alta após receber ZMapp (Foto: AP Photo/Courtesy Jeremy Writebo)

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