Um Windows sem janelas é o que os usuários da mais nova edição do sistema operacional da Microsoft, cujo lançamento oficial é nesta quinta-feira, encontrarão ao começarem a utilizá-lo. A revolução na interface, que deve aproximar o mais popular programa de computador dos dispositivos móveis, no entanto, pode ser justamente o estopim das vaias à novidade.

Para o professor da faculdade de informática da PUC-RS Julio Machado, que usa o novo sistema operacional desde as primeiras versões disponibilizadas ao público, o usuário encontrará dificuldades para usar o Windows 8.

“Não se abre e fecha janelas mais e não tem borda. A barra, que antes existia com menus de tarefas, agora vem de baixo para cima. Muda tudo de local, e o usuário pode se perder. É uma ruptura grande com o uso de aplicativos desktop. A evolução é muito maior e daí talvez venham as maiores críticas”, opina o Machado, que também é um dos professores associados ao centro de inovação da Microsoft no Tecnopuc – parque tecnológico da PUC gaúcha.

Na tela inicial, em vez de uma área de trabalho, com ícones e um plano de fundo, o sistema operacional exibe os “tiles” (ladrilhos ou azulejos numa tradução livre). Através desses quadrados e retângulos é que se acessam os aplicativos. Mas se engana quem acha que são os atalhos do desktop recauchutados. “Em vez de ser somente uma imagem, a área do ‘tile’ tem conteúdo útil da aplicação”, diz Machado. Neles, os usuários terão uma prévia de informações dos programas, como atualizações de redes sociais, por exemplo.

Ele prevê duas semanas para que o usuário se habitue à nova interface, e começar a colher os frutos: ficar mais produtivo, diz o professor, que alerta: “é preciso ser sem preconceitos, se não, vai demorar mais ainda para entrar na nova cara do programa”.

Nova cara mobile
Segundo Machado, a nova interface é uma ruptura não só em relação ao Windows, mas a outras plataformas móveis – até certo ponto também focada no uso de ícones ou botões.

“É uma ruptura. Se olharmos o que a Apple iniciou, com um tipo de interface gráfica que ainda é baseada em ícones, é muito parecida com a ideia de desktop. O Android seguiu o mesmo esquema. A Microsoft, quando foi criar um próprio dispositivo móvel, como o Windows Phone, repensou para algo que não fosse tão próximo”, diz Machado.

Para o professor, a ideia diferente é a dos ‘tiles’ com animações e notificações diretas. “Ela (a Microsoft) pensou em algo assim: ‘tem a área da tela, então vou colocar na própria tela o conteúdo direto’. É interação com o conteúdo, e não com a borda. É uma alternativa diferente, para diferenciar. Se não o pessoal pensaria que é mais uma outra cara do iPhone”, explica.

Apesar de voltada aos dispositivos com telas sensíveis ao toque, como notebooks, ultrabooks e tablets, a interface nova também pode ser utilizada com mouse e teclado por quem não se vira sem ícones e atalhos.

“No desktop, o Windows 8 é a evolução do Windows 7”, avalia Machado.

Ele alerta, no entanto, para o fato de existirem dois tipos de Windows 8. Um deles, o de “caixinha” que pode ser comprado nas lojas para instalação no computador, vem com as duas interfaces. Já o Windows RT, pré-instalado em tablets, vem só com a interface sensível ao toque.

Windows 8 otimizado
Nas versões com o desktop, várias funcionalidades do Windows 7 foram otimizadas. Conforme o professor, o sistema não carrega tanta coisa em memória, e já usa recursos presentes em máquinas novas que aceleram a inicialização do computador por não desligá-lo completamente e deixá-lo num estado de hibernação, à exemplo dos celulares.

Como resultado, a configuração básica para rodar o Windows 8 praticamente estagnou frente à do do Windows 7: 1 GHz no processador, 1 GB ou 2 GB de RAM e 16 GB ou 20 GB de espaço.

Exceto pela observação “1GHz ou superior” que acompanha as especificações do processador no Windows 8 no site da Microsoft, tudo é igual. Já em lançamentos anteriores, o upgrade era obrigatório. Do XP para o Vista, por exemplo, a memória RAM foi de 64 MB para 512 MB. O espaço em disco saltou de 1,5 GB para 15 GB de espaço livre. E a recomendação do processador foi de 300 MHz para 800 MHz.

Além disso, o sistema novo está mais integrado com a nuvem. “Toda a parte de contatos e fotos… é tudo no Sky Drive. O Twitter também é todo integrado. A ideia agora é usar nativamente a nuvem, coisas que no padrão desktop não vinham assim”, finaliza.

No geral, avalia o professor, a nova interface vai deixar o usuário mais produtivo. “No momento em que se interage e acostuma, se é mais produtivo do que antes. As interações são mais rápidas. É só dar o “clique” de uso, uso e então a interface se torna mais natural. Mas é o mesmo princípio da linha de comando. Quem procura, ainda acha. A versão desktop também. Ninguém fica amarrado só ao novo. Tem as duas caras disponíveis”, finaliza Machado.

Fonte: Terra

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