O aumento da frota de motocicletas em circulação no Brasil se tornou responsável por uma das piores epidemias que o País já enfrentou. Foram 65 mil mortes em acidentes com motocicleta nos últimos dez anos – número equivalente ao total de americanos mortos na Guerra do Vietnã.
E não é nas grandes metrópoles litorâneas ou do Sudeste que as mortes têm maior peso nas estatísticas. São as pequenas cidades do interior, especialmente do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, que concentram as maiores taxas de mortalidade por quantidade de motos ou motonetas em circulação. Em municípios como São Gonçalo do Piauí, Ribeirãozinho (MT) e Aurora do Tocantins (TO).
Em número absolutos, as mortes em cada uma dessas cidades podem não impressionar. São duas, três, dez por ano. Por isso não provocam tanto barulho. Mas, quando somadas, configuram epidemia só comparável à provocada pelos assassinatos. As vítimas, aliás, têm o mesmo perfil: jovens de 20 a 29 anos, do sexo masculino e de baixa renda. Nessa faixa etária, nem câncer nem infarto nem nenhuma outra doença mata mais do que as motos. Só as armas de fogo.
Entre as capitais, São Paulo ocupa apenas o 13º lugar no ranking da mortalidade envolvendo motociclistas. O Rio fica em 15º. A campeã, com taxa três vezes maior, é Boa Vista (RR), seguida por Palmas (TO).
Topo do ranking
Desde 2007, as motos já matam mais do que carros. Mas, de lá para cá, a diferença entre acidentes fatais de motociclistas e o de condutores ou ocupantes de carros só aumenta. Em 2009, as mortes de motociclistas ultrapassaram as de pedestres e alcançaram o topo do ranking de mortes por acidentes – de qualquer tipo.
Só no ano passado, foram 10.134 mortes de motoqueiros, ante 9.078 de pedestres e 8.659 de ocupantes de automóveis, conforme estatísticas do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM). O mais assustador é que, enquanto as mortes por atropelamento caíram 30% quando comparadas às de 1996, as de motos cresceram 1.298% no mesmo período.
Ministério da Saúde se diz preocupado com crescimento, mas há poucos programas de abrangência nacional em curso para combater a epidemia. O aumento das mortes está ligado ao avanço da frota sobre duas rodas que, de 2000 a 2010, cresceu quatro vezes. É exatamente a mesma taxa de crescimento de mortes.
 
Fonte: O Hoje

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