Assisti nesta semana um vídeo produzido com o propósito de sensibilizar o mundo para perseguir um guerrilheiro africano. Em pouco dias no ar, a produção já bateu recordes, tornando-se a de mais rápida e ampla divulgação, evidenciando que os tempos realmente são outros, graças à tecnologia com que a humanidade se comunica.

 O autor da produção demonstra logo no início seu objetivo: provocar mobilização em rede, obter uma reação enérgica e contundente da humanidade contra um sujeito, acusado de crimes contra a humanidade. “Nada é mais poderoso que uma ideia” diz a produção que acredita que quanto mais pessoas se envolverem, mais pressionados estarão os governantes a apoiarem o exército de Uganda na captura de Joseph Kony, o criminoso em questão.

 O objetivo dessa coluna é parecido. Também quero chamar sua atenção para uma barbaridade que talvez possa ser evitada caso consigamos mobilização e apoio.

 No Irã, um homem foi condenado à morte por ser cristão. Só de ler essa frase, muitas pessoas já se omitirão, justificando que “religião não se discute”, ou que “são as leis de um país soberano e ninguém tem nada com isso”. Peço porém, que você caro leitor, reflita profundamente sobre essa situação.

 Estamos falando de um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas e econômicas. Tais relações fazem das nações parceiras e nestas condições é muito importante que haja transparência na ideologia e nas conduções políticas. Para se aproximar do Brasil e de outras nações ocidentais que prezam os direitos humanos, a liberdade de fé, expressão e pensamento o país mulçumano assumiu publicamente um compromisso de respeito e tolerância às minorias religiosas, entre elas a cristã.

 Um dos Senadores da República mais envolvido com o caso, o senador Magno Malta, esteve com o embaixador e ouviu dele que o crime do pastor não seria de fé, e sim de comportamento. No entanto, o mesmo senador recebeu da corte iraniana a informação oficial de que a condenação à morte se devia unicamente ao fato do réu ter “voltado às costas para o Islã” e por sua ação de “pregar e defender a fé cristã”.

Só por essa contradição nas explicações dadas a um agente público, o Brasil já deveria pedir explicações. Muito mais deve ser exigido se houver omissão quanto ao compromisso anteriormente tomado.

 O Irã tem-se tornado uma fonte de notícias retrógradas num mundo que anseia por paz e desenvolvimento humano. A mesma cultura e ideologia que ameaça o pastor Yousef Nadarkhani, atropela o direito das mulheres, impondo-lhes uma vida de sofrimento e escravidão. Mulheres são tidas como objetos no Irã, obrigadas à uma vida de limitações e tolhidas na sua cidadania. Por causa de uma interpretação própria do Alcorão, a sociedade iraniana permite que suas filhas sejam apedrejadas, impõe o claustro da exclusiva vida doméstica  e os abusos, não oferece proteção ou opção de fuga.

 A mesma intolerância oprime uma classe política de oposição. Quem destoa do regime vive no medo de ser flagrado, preso, torturado e morto. Enfim, apesar da fachada mantida apenas para impressionar os parceiros desejáveis por motivos econômicos, o Irã não preza os valores que nos são expressamente caros.

 Claro que temos nossas lacunas e fraquezas, mas o caminho para vencê-las passa longe da omissão diante dos ideias dos povos que nos são próximos. Temos que vencer nossa própria violência, mas não é nos aproximando de más companhias  ideológicas que o faremos.

 Alguns parlamentares federais estão dispostos a agir a favor do pastor condenado por não negar a sua fé. Em defesa dos direitos humanos e em defesa da vida, a Comissão de Direitos Humanos do Senado realizará uma audiência, no próximo dia 20. A meta é  estabelecer um diálogo e evidenciar sua posição ao governo do Irã. Este é um gesto nobre, e que deveria ser endossado por todos aqueles que entendem que a fé de uma pessoa não pode se sobrepor ao seu direito à vida.

 Soube por relatos que o pastor Yousef  teve várias chances de evitar a morte, bastaria negar seu amor e sua fé em Jesus Cristo. Segundo os relatos, Yousef se mostrou tranquilo ao escolher a morte ao abrir mão da convicção sobre o que pautou sua vida. A coragem do pastor vem de quem sabe que alguns valores não são negociáveis e que ela nos inspire a tomar posição e agir.

 Assim como o americano, mencionado no início deste artigo, que sonha mobilizar o mundo porque sabe que a pressão popular é poderosa, sei que a manifestação do pensamento do brasileiro,  a expressão de que não queremos nos alinhar à nações em que a vida não é preciosa, é o que susterá as definições de nossos senadores neste caso. Mesmo que Yousef encontre a morte, que possamos ter como ele a serenidade de quem agiu por convicção, em defesa de valores intangíveis e perenes. 
       

 César Augusto Machado de Sousa é Apóstolo, Escritor, Radialista. Escreve todas as terças-feiras para o DM. E-mail apostolo@fontedavida.com.br

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