A situação da segurança em Goiás provocou uma onda de medo. Conheço pessoas que aboliram os bancos porque tem medo de ser assaltadas. Fazem tudo pela internet porque preferem as ameaças virtuais do as balas reais em saidinhas de agências.  Se andar a pé pelas ruas da Capital é considerado já há algum tempo um descuido, uma aposta, dado o risco de ser assaltado na esquina, sair de carro também deixou de ser garantia. 

As pessoas estão tensas, sentem-se obrigadas a desconfiar, sentem-se espreitadas. É como se o bandido estivesse em cada esquina, atrás de todas as árvores, pronto a sacar a arma e apertar o gatilho em troca de nada.

Para agravar, há uma sensação de isolamento. É como se os bandidos estivessem se multiplicando, avançando sobre a cidade e o cidadão, cercado, imobilizado, fadado à rendição total.    Pesa sobre os ombros dos honestos, dos trabalhadores, contribuintes, o pavor de ver ameaçada a própria vida e a de seus queridos e próximos.

Os números divulgados, os crimes acontecendo por toda a parte, em bairros ditos nobres, em bairros tidos por carentes, tudo isso afasta por completo o argumento de que a mídia está exagerando, enfeiando a realidade para tirar proveito. Não, a realidade tornou-se feia e inquestionável. O número de mais de 400 assassinatos na região metropolitana não pode ser maquiado. É vergonhoso, é assustador.

O aumento dos homicídios não é culpa dos policiais. Não se pode negar que a polícia trabalha. As cadeias estão lotadas e não é à toa. Os policiais militares desempenham um papel que extrapola o que é devido. O efetivo nas ruas é de uma habilidade e de uma capacidade incríveis, uma vez que não cresceu na mesma proporção em que os criminosos e no entanto estão segurando “as pontas”.

 Nossos policiais civis, trabalham com déficit de mais de 3 mil servidores. E os que resistem à sobrecarga ainda se vêem acumulando a função de manipuladores de bomba. A situação composta por delegacias infladas de presos, com celas acumulando 30 homens onde caberiam 3, é uma desumanidade, é contraproducente, é uma fábrica de explosivos.

Eu acredito que isso vá mudar e em breve. O governo não quer  a fama de que em Goiás a coisa é resolvida à bala e as atitudes tomadas na última semana demonstram a priorização dada ao assunto. O governador Marconi Perillo é um homem de visão aguçada, sensibilidade e que detém um profundo conhecimento sobre sua equipe. Além de saber que a violência crescente afeta todo o desenvolvimento de Goiás, Marconi sabe que pode contar com homens e mulheres capazes de resolver o problema quando acionados.

A escolha em recolocar o delegado Edemundo Dias para gerenciar o Sistema Prisional é um desses toques de mestre do governo. Edemundo é talentosíssimo com crises. Inteligente, com uma formação acadêmica impecável, honesto, íntegro, espiritualizado e firme, o delegado já teve oportunidade de colocar a casa em ordem uma vez. Durante a gestão de Edemundo, vimos problemas sendo corrigidos e avanços sendo estruturados. É claro que o novo presidente da Agência  do Sistema Prisional vai precisar de recursos. A questão é física, é preciso ampliar os espaços porque dois corpos não podem ocupar o lugar de um. Presídio não é coisa barata, mas se a situação chegou a esse ponto, é necessário pagar o preço e o governo já anunciou esse projeto. Caberá a Edemundo administrar a situação enquanto as obras são executadas. O desafio é imenso, mas  ele tem credenciais para isso.

O governador Marconi Perillo e o secretário Furtado também acertaram com precisão  ao definir o Coronel Edson Araújo para o comando da PM e Adriana Accorsi para chefiar a Polícia Civil.

Edson já ocupou o cargo e tem números e resultados a seu favor. Estava cuidando do entorno, mas será bem melhor aproveitado apontando diretrizes de ação para o Estado todo. O governo declara com a escolha do coronel que está interessado em decisões técnicas e claras. 

Já  a escolha de Adriana também emite uma mensagem. A trabalho da delegada tem raízes profundas na problemática das famílias. Na DPCA ela foi precisa ao defender as vítimas da violência e da desarticulação familiar. Depois, à frente da comissão de Direitos Humanos apresentou um trabalho brilhante na análise dos abusos de autoridade e dos desaparecimentos pós abordagem policial. Ela conta com a confiança da população goiana que sabe que a delegada se pautará pela legalidade e principalmente por esse entendimento de que o trabalho policial vai muito além do combate à criminalidade, mas também se constrói com diálogo com vários segmentos, com a formação de uma rede de apoio e prevenção. 

Estou certo que começaremos em breve a contemplar o resultado dessas escolhas do Governo. Nosso estado precisa de paz e é bom saber que existe uma concordância nesse sentido. A luta uníssona é que nos garantirá o restabelecimento da ordem e a resposta ao medo não pode nunca ser a imobilidade, deve ser o enfrentamento.

 César Augusto Machado de Sousa é Apóstolo, Escritor, Radialista. Escreve todas as terças-feiras para o DM. E-mail apostolo@fontedavida.com.br

Deixe seu Comentário

All fields marked with an asterisk (*) are required