O estudo da administração dá grande destaque ao papel das pessoas no sucesso de qualquer empreendimento. Não só o dono da iniciativa, o empreendedor, mas todos os envolvidos no processo são determinantes na prosperidade ou não de qualquer intento.

Numa empresa, os empregados é que dão o ritmo e o tom do que será oferecido ao cliente. É por isso que é tão importante transmitir-lhes a mensagem do que se espera alcançar e absorve-los em todas as etapas da construção do conceito. As mais avançadas empresas dedicam muito dinheiro e muitos recursos na preparação de sua mão de obra, na qualificação. Os que querem dominar o mercado, valorizam os colaboradores que assiliam o projeto e dedicam-se a ele.

Os empresários sabem que são os colaboradores que cativam o cliente, que estabelecem os conceitos da marca, que garantem a perpetuação de um negócio.

Se no mercado e na iniciativa privada é assim, no setor público não é diferente. São os servidores públicos a voz e os braços de qualquer administração pública. A qualidade dos serviços prestados à sociedade, a lisura dos processos, a eficiência do trabalho dependem do grau de aprimoramento dos funcionários públicos, que por sua vez ocorre em função do empenho, que depende do quão satisfeitos e valorizados eles se sentem na carreira.

As explosões de greves, em qualquer esfera da administração são um sinal evidente de alerta, indício de problemas. Quando serviços essenciais deixam de ser prestados, o contribuinte é mais uma vez ofendido. A despeito de qualquer greve, impostos seguem sendo pagos e não existe cabimento que o pagador se veja alijado de seus direitos. A situação incoerente gera revolta naquele que é massacrado e a indignação é dirigida, quase sempre, ao governo e ao executivo que o representa.

Na esfera federal, diversos órgãos estão parados. Da educação à segurança, este foi o ano de manifestações, protestos e reivindicações de aumento salarial. O problema é que para muitos, o protesto das categorias significou paralisia, estagnação, frustração e prejuízo. Os cidadãos, que se não trabalham não comem, vivem o drama de serem reféns num duelo de forças que não controlam. E certamente, o sentimento de caos e abandono com relação ao Estado é projetado sobre as figuras que ocupam os cargos mais importantes da administração.

No país inteiro, o momento é de greve. Há uma pressão forte pelo reajuste salarial, luta dos servidores para subirem de nível, aumentando o poder de compra. Na esfera federal, concentram-se a maior parte dos grevistas e talvez as consequências mais fortes. O efeito imediato das mobilizações pode ter sido a queda da popularidade da presidente Dilma nas Capitais. A pesquisa percebeu um declínio tênue, mas que não deixa de ser significante.

O governo tem endurecido as negociações, dado sinais de que não cederá às reivindicações. Há os que defendem a estratégia, lembrando sempre o peso de uma máquina que gasta demais, mas por outro lado, não é pior uma máquina que pare?

Até que ponto pode chegar uma disputa como essa? Se governo e grevistas saem desgastados, o que se dirá da população. É preciso apressar os resultados desse embate e buscar com rapidez uma solução adequada, nem demasiadamente pródiga, já que há responsabilidades sérias com a destinação dos recursos públicos, mas que a decisão de forma alguma seja gatilho para a deteorização dos serviços públicos.

O trabalho público precisa evoluir. Os servidores são servidos de muitos instrumentos que tornam a carreira atrativa, é verdade. No entanto, não se pode roubar deles o direito de se satisfazerem na profissão, progredindo ao longo do tempo, sendo desafiados a crescerem e a realizarem mais. Por outro lado, o governo deve estabelecer sistemas e métodos para que, ao atender a reivindicação, também garanta a melhoria constante dos serviços. É preciso criar mecanismos que nos ajudem a perseguir a excelência no atendimento das demandas do povo e do desenvolvimento do país.

O grito dos grevistas não pode ser o único ouvido, ao levar em consideração os conflitos, torço para que o poder público ouça também o gemido e o murmúrio dos dependem do serviço público e no momento, estão sem a quem recorrer.

César Augusto Machado de Sousa é Apóstolo, Escritor, Radialista. Escreve todas as terças-feiras para o DM. E-mail apostolo@fontedavida.com.br

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