Olhe em volta, o que você vê?  No trabalho, nas ruas, nas notícias nos jornais, por toda a parte, perto e longe há homens e mulheres egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, que se orgulham em desobedecer os pais e blasfemar de Deus e do sagrado.  Gente que não ama a família, não a preza e não a valoriza. Não se vê o disposto a reconciliar-se, principalmente ser for às custas de renúncia e do desapego. Na política, nos negócios, sobram caluniadores, não faltam os que não se dominam. As páginas policiais dos jornais são escritas pelas ações cometidas por cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres da luxúria do que da verdade e da vontade de Deus.

O cenário que nos envolve não foi descrito por mim agora, foi desenhado pelas sábias palavras do Apóstolo Paulo, em carta enviada ao jovem Timóteo, há 2 mil anos atrás. Era assim que Paulo anunciava que seriam os últimos dias e é essa a realidade que podemos contemplar.

Fico atordoado quando percebo cada uma dessas mazelas explícita nos comportamentos de boa parte da sociedade. No trânsito, o motorista enraivecido que intimida e ofende o próximo que segue a seu lado só por querer levar alguma vantagem no tempo de percurso para o trabalho. O colega de trabalho que mente sobre a conduta do outro para obter vantagens. O profissional relapso que deixa de prestar o melhor serviço por preguiça ou por dolo. O filho que espanca o pai, o marido que explora a esposa, a mulher que não zela de suas crianças.

Nossa geração adotou a mentira como refúgio, tornou-se o escudo contra qualquer confronto. Como cobrar boas condutas dos políticos se até para si mesmo o cidadão mente? Mente dizendo que fez o que pode, mente empurrando pra outro a responsabilidade de educar seus filhos, mente com uma falsa humildade que apenas esconde um ego avassalador que a tudo consome.
Na fúria para nutrir-se de mais prazer, o ser humano perdeu-se nas teias da agressividade e da violência. Debates tornaram-se impossíveis, só existem confrontos. Não há chance para a troca de ideias e o aperfeiçoamento, apenas a imposição do interesse, apenas a manipulação para atingir um fim.

Quantas mentes humanas estão embotadas pela busca de prazer ilimitado? E nesta saga, lançam-se na perversão sexual e nas drogas. Com o sexo sem vínculo, fragmenta-se a alma, anula-se a afetividade, fragiliza-se. Com as drogas, lícitas e ilícitas, inebria-se o intelecto enquanto o corpo degenera-se. Não há força física e inteligência para conter a luxúria e a ira: mata-se e morre-se mais fácil e assim, apaga-se uma geração sem ter sido.

Tudo isso, Paulo antecipou ao seu discípulo, emitindo naquela época os ensinamentos para os que não se rendem a opressão do século. Fugir da insensatez desses dias terríveis passa por seguir de perto o ensino dos sábios e as condutas dos que foram irrepreensíveis. Paulo orienta Timóteo a buscar seu propósito e conservar a fé, a paciência e principalmente o amor e a perseverança no que é certo.  O professor está insistindo para que mesmo que o jovem olhe ao lado e veja os ímpios prosperando, permaneça nos princípios da honestidade e da integridade, da ética e da moral, no temor do Senhor Deus da Verdade.

“Não será fácil” — o aviso do apóstolo ecoa em nossos corações — “os honestos e sinceros serão perseguidos!.” A voz de quem tanto já acertou só antecipa verdades. A perseguição não vem apenas da reprovação de quem enxerga como tolo aquele que não se apropria de vantagens indevidas. As situações que favorecem ao erro também são persecutórias e implacáveis. O prêmio por resistir a elas são um caráter sólido e uma consciência tranquila, uma mente serena, leve e sadia.

Temos visto inúmeras pessoas se perguntando sobre qual será o caminho. Por onde seguir para escapar da violência, da brutalidade e da ignorância. Muitos investem sua crença na educação e levantam essa bandeira como se o ensino formal nos fizesse pessoas isentas ao sofrimento e ao mal. A educação da escola nos torna aptos a muitos desafios, nos esclarece a mente e é valiosa, mas não é um antídoto para as dores desta geração. A doença da sociedade é mais profunda, tanto que há doutores que só queriam ter paz com seus filhos e esposa e não conseguem achar.  A saída está em voltarmos para aquilo em que fomos ensinados quando crianças.
A maioria de nós aprendeu na infância a não mentir para os outros e nem pra si, ouvimos sobre a importância de não fraudar, de  partilhar, de ter na família nosso esconderijo. São pra estas verdades que devemos voltar. Bem mais que na escola, está na família a chave para a mudança e não só na família nuclear, falo também da família que se expande no convívio em comunidade, na construção de relacionamentos duradouros, na edificação de confiança e amizade, fraternidade e apoio mútuo.  Na igreja, encontramos uma oportunidade de convivermos e sermos consolados, estimulados em amor, fortalecidos a resistir. Junto à família a que pertencemos podemos nos refugiar nestes terríveis dias e sermos diferença para os que estão perdidos e precisam de luz.

César Augusto Machado de Sousa é Apóstolo, Escritor, Radialista. Escreve todas as terças-feiras para o DM. E-mail apostolo@fontedavida.com.br

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