Estamos numa semana especial, momento de refletir em valores que transcendem a rotina e as ambições materiais. Infelizmente, muitos só olham para a Páscoa como mais um feriado a ser desfrutado, mais uma data no calendário que pode ser usada para o descanso, para o lazer. Viagens são programadas, gasta-se dinheiro em planos de recreação e lazer, perde-se tempo nos supermercados em busca do chocolate tradicional e muito pouco o quase nada é dedicado à compreensão do que representa o feriado.  Quero tratar desses significados e valores nesta coluna.

A Páscoa, celebrada há milênios por judeus, tornou-se também um feriado cristão e é sem dúvida, a data mais importante no calendário daqueles que professam a fé em Cristo. Mais do que no Natal, na Páscoa a esperança de vida se renova com a celebração verdadeira da concretização do plano de salvação do homem, arquitetado por Deus.

É de conhecimento geral que a Páscoa é a celebração da ressurreição de Cristo, mas ante da esfuziante alegria da manhã de domingo, é preciso passar pela Sexta-feira Santa, também chamada da Paixão. Antes da celebração da esperança, é preciso penetrar no profundo mistério do que representou a morte do Filho de Deus no madeiro e entender os efeitos do que foi Seu sacrifício.

Cristo foi crucificado na sexta-feira que antecedia a maior festa do calendário judaico. Na Páscoa, o povo hebreu praticava uma série de rituais que os faziam lembrar da libertação da escravidão no Egito.

Quando Cristo passou por aqui, a fuga da terra de Faraó estava há muito no passado do seu povo. A festa era uma tradição que começava 30 dias antes. As estradas próximas a Jerusalém e os poços reformados para garantir o abastecimento aos peregrinos que procuravam o Templo. A população da cidade aumentava e havia uma atmosfera festiva, um clima de alegria e confraternização. Os judeus daquele tempo talvez se esforçassem por cumprir todas as prescrições do ritual: matar um cordeiro, comer os pães asmos e as ervas amargas, as lavagem das mãos, a recitação dos textos da Lei. Talvez, há dois mil anos atrás, o feriado e o rito tenham assumido importância maior do que o entendimento do significado de tudo aquilo.

A Pessach judaica foi instituída quando, por meio de sinais e prodígios, Deus retirou os hebreus do Egito. A Bíblia fala que 10 pragas atingiram o opressor e que a Páscoa foi a noite de preparativo para a última praga que culminaria com a morte dos primogênitos egípcios.  Um anjo da morte passaria sobre o Egito e só não causaria morte nas casas que trouxessem uma marca de sangue nos umbrais das portas. A ordem era clara, seria preciso matar um cordeiro sem defeito, seu sangue era a proteção contra a morte e sua carne deveria sustentar uma família inteira para a caminhada longa e difícil para a liberdade.

Ao ordenar a primeira Páscoa, Deus deixou claro que o ritual deveria ser repetido ano após ano, como um memorial, como forma de manter a história viva, como um lembrete de que a libertação  foi dádiva de Deus e adveio apenas de Seu poder e não do braço do povo escravo. Cerca de mil e 500 anos depois da primeira Páscoa, os judeus se preparavam para obedecer e não perceberam que estavam vivendo a Páscoa verdadeira, a que inspirou a tradição, a que foi desenhada por Deus desde que o pecado afastou-lhe a criatura humana.

Cristo se entregou como o Cordeiro sem defeito, ele foi ferido, torturado e derramou seu sangue para que os que nEle cressem, entendendo seu sacrifício, não morressem a morte eterna, consequência do pecado, mas tivessem esperança e vida.  Como no mito da caverna, desenvolvido por Platão, a Pessach judaica era apenas sombra da verdadeira Páscoa, preparada pelo próprio Deus e portanto, perfeita, real e abrangente.

Como os judeus que saiam do Egito, com o sacrifício de Jesus, qualquer pessoa ganha o salvo-conduto garantido pelo sangue do Cordeiro. E a alegria torna-se completa porque ao terceiro dia, o Filho de Deus ressurge do túmulo, decretando a vitória completa sobre a morte e a corrupção. A Páscoa para nós, portanto, ganha mais significado e valor. Não é apenas a garantia da libertação da escravidão do pecado, mas a convicção de que nosso redentor vive e conosco está todos os dias, pelos séculos sem fim.

Essa verdade é mais que suficiente para encher o coração do que crê de alegria e levar à exultação!

O problema, é que muitos estão apáticos, presos à tradição, entorpecidos pelo ritual e incapazes de perceber a profundidade do que é viver a ressurreição de Cristo. Como os judeus escravizados no Egito, muitos estão sobrecarregados, sobremodo oprimidos e não conseguem perceber a Cruz e sua mensagem redentora. Outros, como os fariseus apegados aos próprios preconceitos e visão do mundo estão dispostos a se livrar de Jesus sem conhecê-lo, sem reconhecer Suas Majestade e Glória.

O meu convite para você leitor é para que não perca tempo. Despreenda-se do ritual nesse feriado e viva de fato a verdadeira Páscoa. Permita-se ser liberto das ilusões, do pecado, da morte em vida e da morte eterna. Aproxime-se da Cruz, entenda que a morte de Cristo foi por você, receba o Seu sacrifício com humildade, arrependa-se e veja o Plano de Deus ressurgir na sua vida. Olhe para o sepulcro vazio e deixe seu coração se encher da presença doce e maravilhosa de Jesus ressurreto.  Acredite, a celebração estará só começando.

Que Deus o abençoe.

César Augusto Machado de Sousa é Apóstolo, Escritor, Radialista. Escreve todas as terças-feiras para o DM. E-mail apostolo@fontedavida.com.br

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