A Polícia Federal descobriu que o empresário Carlinhos Cachoeira mantinha, até ser preso, ao menos cinco empresas de fachada no exterior.
A PF sugere o aprofundamento das investigações sobre elas, sediadas na Flórida, nos Estados Unidos.
A revelação pode levar à abertura de nova linha de investigação na CPI que apura o esquema do empresário.
As informações sobre as empresas são de um relatório produzido pela PF no fim de março a partir da análise de mensagens encontradas no e-mail de Gleyb Ferreira da Cruz, auxiliar de Cachoeira.
O documento só chegou à CPI no mês passado. A polícia suspeita que essas empresas serviam como peças de um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Não se sabe ainda o volume exato de dinheiro movimentado por essas empresas nem os beneficiários finais dos recursos enviados para essas contas abertas em dois bancos norte-americanos.
A CPI tem poderes para determinar uma investigação mais aprofundada em relação a essas empresas. Mas, para isso, dependeria da colaboração de órgãos de investigação norte-americanos.
Há precedentes: as CPIs dos Correios, que investigou o mensalão, e a do Banestado tiveram a cooperação de autoridades dos EUA.
No relatório pericial, a Polícia Federal limitou-se a analisar o conteúdo das mensagens trocadas entre Gleyb e pessoas que, segundo a PF, eram prepostos do esquema em solo americano.
Somente nesta breve análise, fundamentada em comprovantes de depósito anexados aos e-mails de Gleyb, a PF identificou remessas de cerca de US$ 400 mil para contas dessas empresas.
E essa movimentação abrange, de acordo com os peritos, apenas alguns meses entre 2011 e 2012.
“Deve ser observado que o presente relatório possui em seu conteúdo uma ínfima mostra de como a organização criminosa de Carlos Cachoeira tem movimentado capitais em âmbito internacional”, escreveram os peritos.
As firmas de fachada identificadas pela PF são a Keypointgroup, BRZ Organics, Expoflex Corporation, CR International Trade and Services e a Cinema Equipment & Supplies.
De acordo com a Polícia Federal, outras apreensões feitas durante a Operação Monte Carlo, feita pela PF para investigar o grupo de Carlinhos Cachoeira, descobriram indícios de que o empresário movimenta recursos no exterior pelo menos desde 1997.
Fonte: Folha