Ainda há dois anos para que o governo Dilma passe pelo teste das urnas, mas as provações políticas já começaram a presidenta. Depois de atitudes corajosas como a de permitir a participação de investimento privado em setores públicos e a resistência que tem manifestado frente a movimentos grevistas intensos e implacáveis em todo o país, a presidenta certamente terá de avaliar o impacto sobre sua imagem e a aprovação dos brasileiros.

 Informações e pesquisas apontam um recuo da positividade por hora nas grandes cidades do país, mas o termômetro ainda precisa registrar outros efeitos.

 Quem acompanha a política sabe que, mesmo combalida, a oposição representada por PSDB e DEM trará as garras a mostra para arranhar um pouco mais a imagem do governo. O anúncio irônico parabenizando Dilma por ter falado em privatizações é só um exemplo.

 Percebendo que a reeleição pode não ser assim tão fácil quanto era considerada há um ano atrás, mesmo antigos aliados tem se levantado interessados em ocupar a cadeira do Planalto.

 Um fenômeno interessante de se observar é a movimentação astuta do governador do Pernambuco. Neto de Miguel Arraes, Eduardo Campos era até há bem pouco tempo um aliado certo. O PSB que preside esteve com Lula e esteve com Dilma. Agora, o partido disputa em lado oposto ao PT pelo menos três prefeituras: Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.

 A revista Veja mostrou a movimentação de Eduardo pelo país, participando enquanto presidente do PSB da propaganda política de seus candidatos em todo o Brasil. Ao ocupar espaço nas propagadas de TV, Eduardo quer oportunidade de tornar-se conhecido fora do Nordeste, sua terra. A vitrine é chance de despertar o brasileiro para o governador que tem obtido êxito no Pernambuco e convencido sua gente com uma administração aprovada.

 Eduardo foi reeleito com quase 83% dos votos válidos de seus estado, uma aprovação muito significativa e que lhe respalda a querer mais. É jovem, representa novidade, tem um espírito empreendedor, enfim, é dotado de atributos que podem encantar o eleitorado que sempre se arma de reservas contra governos que não se alternam.

 Segundo a Veja, o governador pernambucano já tem como “improvável” não concorrer à Presidência em 2014 e isso pode sim ser um problema ao PT. Primeiro que o estilo de gestora de Dilma, embora necessário para o momento do país, desperta uma resistência dos demais partidos que se viram distanciados do governo. Descontentes já sinalizam que poderiam ceder apoio ao PSB confortavelmente. Afinal, seria bem diferente apoiar um aliado histórico do que qualquer candidato tucano, por exemplo. Por outro lado, para enfraquecer Dilma e enquanto não oferece um nome tão competitivo, a própria oposição pode enxergar em Campos uma arma eficiente para romper com o ciclo de poder petista. E acredito que no momento, seja esta a maior preocupação da liderança petista.

 Endurecer o discurso e antecipar um rompimento não é a melhor atitude a ser tomada. Um passo nesta direção com um aliado desde a eleição de 89 emitiria um alerta para partidos cuja aliança não é tão sólida e poderia significar um isolamento da legenda, ou no mínimo um maior fortalecimento do PMDB dentro da composição do governo.

 Ao dizer que sua não candidatura em 2014 é “improvável”, Campos claramente sinaliza que ainda há abertura para tratativas com o PT. Ele sabe da força de Lula  e participou da construção do projeto que certamente não foi pensado para ser interrompido no terceiro mandato. Cabe ao PT a decisão estratégica. Será que Campos é nome para se desprezar em uma composição? Será que o partido não deve apoiar os sonhos do antigo aliado antes que a oposição o faça?

 E o PSDB, observará impassível a briga dos adversários sem interferir? Qual o peso teria o socialista numa combinação com o tucano Aécio? Qual seria o poder de um arranjo como este?

 O momento é decisivo. As palavras ditas agora desenharão o cenário daqui a dois anos. De todo lado há muita expectativa e movimentação:o caldeirão das eleições presidenciais já começou a borbulhar.

César Augusto Machado de Sousa é Apóstolo, Escritor, Radialista. Escreve todas as terças-feiras para o DM. E-mail apostolo@fontedavida.com.br

 

 

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