Um estudante de José da Penha, cidade de cerca de 6.000 habitantes no Rio Grande do Norte, foi um dos vencedores da Olimpíada de Língua Portuguesa. Neste ano, o evento teve a participação de cerca de três milhões de alunos de 40 mil escolas públicas.

Henrique Oliveira, 12, é filho de vaqueiro e escreveu um poema. Ele tem seis irmãos e a escola onde estuda, a Ariamiro Germano da Silveira, tem 120 alunos. “Acho que vou continuar com poesia mesmo. Ou ser jogador de futebol”, disse ao ser questionado sobre o futuro.

A olimpíada foi coordenada pelo Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), em parceria com o Ministério da Educação. Vinte estudantes de todo o país participaram da premiação, realizada anteontem. Além de poema, a olimpíada premia memórias, crônica e artigo de opinião.

 Os textos são avaliados por profissionais de educação de todo o país. O aluno vencedor ganha um notebook e uma impressora. Professor e escola também são premiados.

 

O Poema

Ô de casa?!

Ê, Ê, Ê… Morena

Ô, Ô, Ô… Machada

Ê, Ê, Ê… Grauno

Ô, Ô, Ô… Pelada.

O vaqueiro solta a voz

No oco do mundo,

Com seu aboio triste,

Em poucos segundos,

 Encanta gente e gado.

“Eita” aboio profundo!

Chapéu de couro e gibão,

Luvas e peitoral,

Perneiras e sandálias,

Tudo artesanal.

Ofício de meu pai,

Vaqueiro magistral.

O sertanejo anseia

Uma visita em nossa terra,

Faz as honras da casa

E ansioso espera,

São José intercede

E o povo por ela reza.

Quando a visita chega

Molha o tapete vermelho,

Desbota ele todo,

O caminho é só lameiro,

Pra nós é festa, É festa “pros violeiro”.

Eles cantam e encantam

Aqui no nosso recanto,

Em noite de cantoria

Improvisam com seu canto,

É coisa da nossa gente

Aqui do nosso canto.

Sítio Gerimum

Este é o meu lugar,

Pedaço de chão resistente

Como o povo que aqui está,

Que semeia coragem,

E faz a esperança brotar.

Meu Gerimum é com G,

Você pode ter estranhado,

Gerimum em abundância

Aqui era plantado,

E com a letra G Meu lugar foi registrado.

Este ano a visita

Raramente se aconchegou,

Sua ausência causou tristeza

E o nosso sertão chorou,

Nem as lágrimas derramadas

O chão seco molhou.

O tempo parece mudado,

Mudou o verde do capim,

A brisa está mais quente,

Não faz um carinho assim,

Até os passarinhos

Voaram pra longe de mim.

Espero que os bons ventos

Fluam em nossa cidade,

Visitem José da Penha

Sem nos deixar saudade,

Tragam-nos boa-nova

Espalhando prosperidade.

Enquanto espero a visita

Você pode entrar,

Também é meu convidado,

Pode se aproximar

Nossa essência permanece

Sinta… Está no ar!

Fonte: Folha

 

 

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