O ex-premiê italiano Silvio Berlusconi foi condenado a quatro anos de prisão e três anos de afastamento da vida pública por fraude fiscal. A decisão foi tomada pela Justiça da Itália nesta sexta-feira. Ele não estava presente no tribunal de Milão quando a sentença foi anunciada.

Na Itália, as condenações podem passar por duas instâncias antes de serem consideradas definitivas, o que cria a expectativa de que Berlusconi ainda irá recorrer.

Fedele Confalonieri, presidente do grupo de comunicação Mediaset, cujo dono é Berlusconi, foi absolvido. Frank Agrama, intermediário considerado pelos promotores como “sócio oculto” de Berlusconi nos negócios do Mediaset, foi sentenciado a três anos de prisão.

Além disso, os condenados terão de pagar uma quantia de € 10 milhões (R$ 26,4 milhões) à Receita Federal. O valor ainda é considerado provisório. As ações do Mediaset caíram quase 3% após o anúncio.

A acusação da Promotoria contra os réus era de que eles aumentaram artificialmente os preços de direitos televisivos para a exibição de filmes americanos, comprados por diversas empresas offshore que também eram controladas por eles e vendidos ao próprio Mediaset, o que permitia que pagassem menos impostos.

O julgamento começou em 2006, mas foi interrompido por um tempo, devido a uma lei que dava imunidade a Berlusconi, já revogada. Enquanto ele era primeiro-ministro, conseguiu adiar diversas audiências, alegando compromissos oficiais.

Berlusconi já foi julgado inúmeras vezes por negócios ilegais. Antes dessa condenação, porém, ele jamais havia sido considerado culpado, com algumas das denúncias contra ele tendo prescrito.

O anúncio de sua condenação foi feito pouco depois de o ex-premiê ter anunciado que não concorrerá nas próximas eleições do país, em 2013.

Angelino Alfano, secretário do partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade, disse que a sentença é “mais uma prova de um assédio judicial contra Berlusconi, uma condenação inesperada, com sanções hiperbólicas”. Alfano disse estar confiante de que, quando a defesa apresentar recurso, o julgamento dará razão ao ex-primeiro-ministro.

SITUAÇÃO COMPLICADA

O ex-primeiro-ministro passa por um momento difícil. No final de 2011, renunciou ao cargo de chefe do governo italiano, em meio à crise econômica crescente e a acusações contra ele envolvendo fraudes, abusos sexuais e corrupção.

Em audiência na última semana, Berlusconi negou as acusações de que teria tido relações sexuais com uma menor de 18 anos enquanto era primeiro-ministro.

Sua credibilidade na Itália vinha decaindo progressivamente, como mostravam as pesquisas de intenção de voto, o que levou Berlusconi a anunciar que não concorreria nas eleições de 2013. Ele disse estar velho para chefiar o país e anunciou que exerceria um papel nos bastidores, dando conselhos.

Fonte: Folha

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