A redução da conta de luz em 2013 pode ficar menor que o anunciado pela presidente Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio e TV no início de setembro. A promessa era cortar, em média, 20,2% da tarifa, mas, com a resistência de algumas empresas em renovar suas concessões, o desconto cai para 16,7%.
Os técnicos do Ministério de Minas e Energia afirmam que ainda não desistiram de alcançar o corte anunciado. O governo vai estudar alternativas, como reduzir impostos e outros encargos.
As companhias de geração de energia de São Paulo (Cesp), Minas Gerais (Cemig) e Paraná (Copel) não aderiram ao pacote de energia. Apesar da divergência, a Cemig não descartou a possibilidade de recorrer à Justiça para manter as regras atuais para três hidrelétricas.
Os acionistas das empresas consideraram os novos preços da energia e a indenização muito baixos. Com a recusa, continuarão vendendo energia pelas tarifas atuais até 2015 e 2017.
Política. O governo federal jogou a culpa pelos problemas do pacote em São Paulo e Minas Gerais. “A decisão dessas empresas, principalmente as companhias de São Paulo e Minas Gerais, de não renovar seus contratos sob novas bases, é a causa de, hoje, não podermos anunciar o corte na conta de luz pretendido pelo governo federal”, disse o secretário executivo de Minas e Energia, Márcio Zimmerman.
Os técnicos desconversaram quando questionados sobre eventual influência política na decisão. Os governadores dos três Estados são do PSDB, de oposição. Anteontem, o senador Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais (2003-2010), foi lançado pelo partido como pré-candidato à sucessão de Dilma nas eleições de 2014. Momentos antes do anúncio do governo, Aécio Neves, da tribuna do Senado, questionou o modo como Dilma tratou as concessionárias de energia e pediu respeito ao Congresso (leia mais na pág.3).
Os técnicos do governo criticaram a decisão tomada por Cesp, Cemig e Copel. Segundo Zimmerman, “essas companhias privilegiaram seus acionistas, e não a população brasileira”. Ele disse ter estranhado a decisão das empresas. “A Cesp chegou a se manifestar oficialmente favorável à renovação, depois voltou atrás”, afirmou o secretário. “Há um esforço nacional pela redução do custo Brasil e para ampliar a competitividade nacional, e lamentamos que as companhias de São Paulo e Minas Gerais não tenham aderido.”
A avaliação dos especialistas do setor de energia é que o processo de renovação foi feito com atropelo, sem discutir com as companhias. Apesar das mudanças recentes nos cálculos de indenização, as condições continuaram desfavoráveis para as empresas de geração de energia.
Fonte: Estadão