
O estelionato é uma categoria de crime ampla e pode se enquadrar em diversas situações. De cheque sem fundo, que para o delegado-geral da PC, Edemundo Dias, corresponde a 90% dos casos, e clonagem de cartão até uso de identidade falsa para obter crédito e depois não arcar com os custos. Talvez esteja aí a explicação para a grande quantidade de registros. No entanto, profissionais da segurança preferem acenar para as brechas da legislação, a pena branda que o Código Penal estipula para estelionatários – de um a cinco anos, sendo que muitos cumprem em liberdade – e o crescente comportamento de má-fé entre as pessoas. “É prática comum, que mostra bem a falta de compromisso ético da própria sociedade”, afirma Dias.
Há oito meses à frente do Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes, o delegado adjunto da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), Emerson Morais de Oliveira, já testemunhou inúmeros casos. Inquérito em andamento há dois meses busca explicações para o prejuízo de R$ 1 milhão de uma vítima de Caldas Novas. A pessoa teria caído no famoso “conto do vigário” e é a maior perda financeira que já passou pela delegacia.
Outra situação comum hoje, segundo Emerson, é a falsificação de documentos públicos, como escrituras e procurações, na intenção de garantir o crédito na compra de imóveis e empréstimos bancários. “Faz-se muito isso para comprovar que tem bens”, explica. Na semana passada, os agentes concluíram inquérito de uma empresa que havia sido fechada em julho, no Setor Maísa, em Aparecida de Goiânia. A tática dos golpistas agora é abrir e movimentar uma firma no prazo de seis meses, conquistar crédito com seguradoras, depois sacar o limite do dinheiro e desaparecer com a quantia, sem dar satisfação.
São tantos os casos que a Deic sozinha não consegue. Lá é só um dos vários locais onde se investigam estelionatos. O Grupo de Repressão recebe os casos maiores e de impacto em todo o Estado, passados pela direção da Polícia Civil. “Registros de ocorrência são constantes e não teríamos capacidade de investigar tudo”, expõe o delegado Emerson. Por isso, os distritos policiais e outras delegacias especializadas, como a de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), têm autonomia para averiguar os casos que chegam até eles.
Fonte: O Hoje