O arquiteto Oscar Niemeyer foi lembrado em um culto ecumênico no Rio de Janeiro. O último ato formal antes de seu enterro teve um momento inusitado graças às palavras do pastor luterano Mozart Noronha.

Conduziram o culto de despedida ao arquiteto, morto aos 104 anos, dois padres, além do pastor e um rabino.

Reconhecidamente ateu e comunista, há quem pense que Niemeyer não concordaria com um ato religioso para celebrar a partida de sua alma. Afinal, o famoso arquiteto tinha uma visão bastante crua e prática da finitude da vida: “a vida é um sopro, um minuto. A gente nasce, morre. O ser humano é um ser completamente abandonado…”, declarou certa vez.

Mas o pastor luterano surpreendeu a todos os presentes na cerimônia ao ler um poema de sua autoria, onde afirmou que Deus o convidou para entrar no céu, local que Niemeyer nunca acreditou existir. Ainda que não ignore o ateísmo de Niemeyer e o fato de ele ser comunista, Mozart descreveu a suposta chegada ao céu do arquiteto com a bandeira comunista em punho, recebido por anjos que cantavam o hino da Internacional Comunista e ainda acredita que ele foi recebido com festa.

Veja a íntegra do poema lido durante o culto ecumênico:

Numa tarde de verão,

Dia cinco de dezembro Do ano dois mil e doze,

 Vi a Santíssima Trindade

Reunida de emergência,

Ordenando aos seus apóstolos

Receberem Niemeyer

 O incansável guerreiro

Que do Rio de Janeiro

Partiu para a eternidade Deus estava mui feliz

O espírito nem se fala!

 E na comunhão do além

Recomendaram que os anjos

Organizassem um coral

 Em homenagem ao arquiteto

Cantando a Internacional.

Logo os músicos reunidos,

 Sopranos, baixos e tenores,

Com todos os seus instrumentos

Entoaram uns mil louvores

Externando os sentimentos.

Juntaram-se os trovadores,

 Mil pintores e poetas,

Abraçando os escritores

Numa festa sem igual.

Fonte: Gospel Prime

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