O perito criminal Adriano Issamu Yonamine foi a terceira testemunha a ser ouvida nesta segunda-feira, no primeiro dia do julgamento de Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta a tiros em março de 2004. O júri, que ocorre no fórum da Barra Funda, foi encerrado por volta das 21h e será retomado amanhã.

Neste primeiro dia, apenas três testemunhas de acusação foram ouvidas. Outras duas convocadas pela Promotoria ainda prestarão depoimento na terça-feira antes que sejam ouvidas as nove testemunhas chamadas pela defesa.

Último a ser ouvido, o perito Yonamine fez uma comparação entre uma marca de sola de sapato encontrada em um pedaço de madeira de 45 centímetros que se desprendeu da porta da casa onde as vítimas morreram e afirmou que ela foi feita pelo réu.

Segundo o perito, há três fatores principais que comprovam a presença de Gil Rugai na cena do crime. A principal delas é que a marca do pé encontrada na porta é compatível com as características de um dos calçados de Gil.

O segundo fator apontado pelo perito é a altura do chute que é compatível com a o biotipo do réu. Já a terceira é a lesão constatada no pé direito de Gil pelo médico da USP Daniel Romero Munho após o crime. O médico também prestou depoimento hoje e confirmou a lesão, mas não descartou que ela tenha sido feita em outra ocasião.

Para Yonamine, essa lesão só pode ser provocada por um forte impacto e não há dúvidas de que a porta foi arrombada pelo réu, após a análise de cinco peritos. “Gil deixou sua marca na cena do crime com a sola do sapato”, disse.

Os advogados de defesa de Gil soltaram risos quando o perito afirmou que uma das análises entre a marca na porta e os calçados de Gil foi feita por um “sapateiro” e ortopedista que mora na mesma rua que ele. O defensor Thiago Gomes Anastácio disse ter comemorado a frase “como um gol do Santos”. A intenção da defesa é desqualificar a análise feita pelo especialista devido à possível amizade com o perito.

VÍDEO

O principal ponto usado pela defesa para desqualificar o laudo pericial foi um vídeo de uma simulação apresentada pelo IC (Instituto de Criminalística) como prova de que o pé que atingiu a porta da casa onde as vítimas foram mortas era de Gil Rugai.

A imagem sobrepõe o pé direito do réu sobre a forma de um pé esquerdo. O perito confirmou o erro, mas disse que isso não desqualifica o laudo, pois a simulação estava correta e que apenas a demonstração apresentada continha o equívoco.

Outro ponto questionado pela defesa é a diferença de tamanhos verificada na comparação entre a sola marcada na porta e dos calçados de Gil. A marca deixada na madeira media 24,5 centímetros, enquanto os sapatos de Gil tinham de 26 a 30 centímetros.

O perito respondeu que essa marca tem um tamanho diferente porque a impressão feita na porta foi parcial e não marcou a ponta do pé completamente. Ele também disse que um perito da USP fez uma simulação em um estúdio que comprovou que as características do chute aplicado na porta e do porte físico de Gil Rugai e de seu calçado são compatíveis.

OUTRAS TESTEMUNHAS

Além do perito e do médico, também prestou depoimento nesta segunda-feira o vigilante Domingos Ramos Oliveira de Andrade, que trabalhava na rua onde morava o pai de Rugai. Ele confirmou ter visto o ex-seminarista saindo da casa no dia do crime com outra pessoa, que ele não conseguiu identificar.

Durante o julgamento, o advogado da defesa Thiago Anastácio tentou apontar as fragilidades dos depoimentos dados por Domingos à polícia e no plenário. Para a defesa, os relatos destoantes tiram a legitimidade dos laudos da perícia, que se basearam no depoimento do vigia, considerado testemunha chave da acusação.

Segundo o defensor, entre o primeiro e o terceiro depoimento dado à polícia, Domingos alterou informações, como a distância de onde estava da casa da vítima. Outro ponto destacado foi o fato de em seu primeiro depoimento, ele não ter identificado Gil Rugai pelo suspensório.

Domingos também foi questionado durante depoimento sobre uma segunda pessoa que teria acompanhado o réu no dia do crime. Segundo a defesa, ele não sabia se a pessoa era um homem ou mulher, de acordo com o primeiro depoimento à polícia. Agora, porém, ele afirma ser um homem, deixando claro que viu dois homens momentos após o crime

Inocente ou culpado? GIL RUGAI 17/02

Fonte: Folha

Deixe seu Comentário

All fields marked with an asterisk (*) are required