O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, qualificou nesta quarta-feira a alta recente da inflação como uma “pequena reversão temporária” na sua trajetória em direção ao centro da meta do governo de 4,5%.

A inflação acumulada em 12 meses, que vinha recuando, subiu para 5,24% em agosto.

De acordo com Tombini, essa alta refletiu um choque no preço das commodities (insumos com cotação internacional) devido a problemas climáticos.

Ele enfatizou que essa valorização das commodities deve ser temporária, pois os preços desses produtos já vem se estabilizando nos últimos dias.

Em sua apresentação sobre conjuntura econômica na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o presidente do BC mostrou que no início de julho, antes desse choque de commodities, o mercado brasileiro previa inflação de 4,85% no fechamento de 2012.

Segundo ele, após uma elevação média de cerca de 10% nos últimos dois meses na cotação desses produtos no mercado internacional, a projeção subiu e agora está em 5,24%.

Tombini voltou a afirmar, porém, que a perspectiva é de baixo crescimento mundial, o que tende a limitar a alta dos preços no Brasil no médio prazo.

Além disso, o presidente da autoridade monetária destacou que a redução do preço da energia anunciada pelo governo para o ano que vem deve ter impacto expressivo da diminuição da inflação.

“A inflação segue trajetória de convergência para a meta. Essa convergência ocorre de forma não homogênea e tivemos uma pequena reversão temporária nesse processo”, disse.

A fala de Tombini foi na mesma linha do exposto pelo BC na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na semana passada, que apontou para uma trajetória não linear da inflação para o centro da meta.

Mas, apesar de insistir que a inflação vai recuar no médio prazo, o banqueiro central não descartou novas elevações na taxa básica de juros.

“Para deixar claro, nós não aposentamos os ciclos monetários, eles continuam conosco. Vai haver aumento de juros no futuro, reduções, etc, mas nesse momento nós estamos num intervalo diferente. Nós conseguimos fazer um processo de convergência [da taxa de juros brasileira para patamares mais próximos dos padrões internacionais] que nos parece um processo estruturado”, disse.

O presidente do BC também reforçou que a projeção da autoridade monetária é de que o crescimento do país será mais intenso neste semestre e em 2013, do que foi no início deste ano.

Segundo ele, essa aceleração vai refletir as medidas adotadas pelo governo como redução dos juros e cortes de impostos.

Tombini disse que há uma defasagem nos efeitos dessas ações de estímulo na economia devido ao cenário adverso internacional, mas manifestou confiança na sua eficácia.

“Nós não temos dúvida que esses efeitos virão”, disse. “A recuperação da economia nesse ciclo tem se materializado de forma gradual. A indústria começa a mostrar sinais moderados de recuperação. O ritmo de atividade economia será mais intenso nesse segundo semestre e no próximo ano.”

Fonte: Folha

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