Enquanto prosseguia o confronto no campo de exploração de gás tomado por militantes islamitas na Argélia, surgiram ontem os primeiros relatos dos reféns soltos após a ação do Exército.

De acordo com a agência estatal do país, 100 dos 132 reféns estrangeiros foram soltos. Não está claro se os demais 32 foram mortos, mas a agência cita 12 vítimas entre estrangeiros e argelinos. Do total desconhecido de argelinos, 573 teriam sido soltos.

As informações, porém, não foram confirmadas pelos governos dos países cujos cidadãos são reféns. A França e os EUA reconheceram as morte de cidadãos -um de cada país. Segundo o Departamento de Estado, o americano morto era Frederick Buttaccio.

O Exército argelino permanece nos arredores do campo, tomado por um grupo islamita em retaliação à invasão do vizinho Mali pela França.

Não está claro qual será a estratégia para libertar os cativos, mas o governo argelino vem sendo criticado pela comunidade internacional pela ação, cujo resultado não foi divulgado oficialmente.

Tendas de emergência foram erguidas nas proximidades do campo. Na televisão, foram exibidas imagens de tanques de guerra alinhados.

IRMÃOS
Um refém francês afirmou à rádio Europe1 que esperou por 40 horas escondido embaixo de sua cama, antes de ser libertado pelo Exército.

Os reféns argelinos narram que, a princípio, os militantes afirmaram que não iriam machucá-los. “Irmãos argelinos, não se preocupem. Somos irmãos. Somos todos muçulmanos.”

Centenas deles foram mantidos ali, porém.

“Foi um pesadelo, uma situação horrível”, disse um argelino ao diário francês “Le Monde”. “Houve mortes. A noite foi muito difícil. Não tínhamos nada para comer. Todos estavam chorando e gritando. A comunicação pelo telefone estava desligada.”

O refém argelino diz, também, ter ouvido os militantes, de turbante, conversando em árabe. “Já vi coisas como aquela na televisão ou em filmes, mas agora vi com meus próprios olhos”, afirma ele.

Outros cativos descrevem os islamitas como falantes de dialetos que eles desconheciam, o que reforça as informações do governo de que o grupo terrorista é composto de indivíduos de várias nacionalidades -daí, também, a comunicação via árabe formal, uma língua franca.

De acordo com os relatos, parte das mortes, tanto de militantes quanto de reféns, ocorreu durante os ataques aéreos do Exército argelino.

O irmão do irlandês Stephen McFaul, que fugiu em segurança, diz que o eletricista escapou quando o veículo em que ele era transportado por militantes foi atacado. McFaul tinha explosivos amarrados ao próprio corpo.

Um operador de rádio argelino afirmou à Reuters que viu o corpo de seu supervisor francês morto -e um dos militantes vestindo suas credenciais.

“Eu estava em meu escritório, preocupado porque eles certamente tomariam posse do meu telefone por satélite”, disse, sobre o início do ataque dos militantes. “Vi os islamitas. Alguns estavam limpos, outros sujos, alguns com barbas e outros sem.”

Fonte: Folha

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