O Paraná registrou 441 acidentes envolvendo morcegos, em 2019. Os dados foram levantados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) a pedido do G1. O número representa um aumento de 96% em atendimentos em cinco anos.

Durante o verão, os morcegos são vistos com mais frequência por conta da reprodução dos animais, segundo o médico veterinário Cristóvão Câmara. A iluminação e construções em centros urbanos também atraem os mamíferos.

Conforme o levantamento, os dados de 2019 ainda são preliminares e podem sofrer alterações. Até esta terça-feira (11), 28 casos já tinham sido registrados no Paraná neste ano.

Em 2015, a secretaria registrou 224 atendimentos antirrábicos por conta de acidentes com morcegos no estado.

A Regional de Saúde Metropolitana, de Curitiba, foi a que mais registrou casos em 2019, conforme o levantamento: foram 99 ataques.

Na sequência, aparecem as regionais de Cascavel, no oeste, com 62 casos; e Maringá, no norte, com 46 casos. A Regional de Saúde de Ivaiporã, no norte, foi a única que não teve registros em 2019.

Neste ano, as regionais de Foz do Iguaçu, no oeste, e Maringá têm o maior número de atendimentos antirrábicos por conta de acidentes, com cinco casos cada.

Presença nas cidades

O médico veterinário Cristóvão Câmara, do Centro de Zoonoses de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, explicou que os animais têm aparecido cada vez mais nos centros urbanos.

Segundo Câmara, as luzes das cidades atraem insetos que, por sua vez, trazem morcegos insetívoros. As frestas presentes nas construções também funcionam como abrigos para os animais.

“Estamos proporcionando para eles um ambiente muito mais interessante para se morar do que no meio do mato”, afirmou.

Ainda de acordo com o médico, os morcegos costumam aparecer mais na época do verão. Uma das causas é a reprodução dos animais.

Segundo o profissional, os morcegos são protegidos por lei e têm função importante na polinização e perpetuação de diversas espécies de plantas.

“Assim como as abelhas estão sendo visualizadas como elementos fundamentais da nossa ecologia, os morcegos também tem um papel enorme na biodiversidade de árvores e controle de insetos”, disse.

Doenças

Os morcegos podem transmitir doenças, como a raiva. O último caso autóctone do Paraná, ou seja, quando a doença foi contraída dentro do próprio estado, foi registrado em 1987.

“A contaminação pelo vírus da raiva pode acontecer por todos os tipos de morcegos. Quando a gente pega um animal e ele morde, arranha ou machuca, pode transmitir raiva”, explicou o médico veterinário Cristóvão Câmara.

O médico disse ainda que muitas pessoas não dão importância e deixam de procurar atendimento em casos de contato com morcegos. O indicado é procurar atendimento imediato em uma unidade de saúde.

Atualmente, o Paraná é considerado área de raiva controlada, conforme a Secretaria de Saúde. Mesmo assim, a Sesa faz orientações à população para evitar acidentes, como:

  • Evitar tocar em morcegos, vivos ou mortos;
  • Ao encontrar um morcego, chamar o serviço de zoonoses do município. Voos diurnos podem indicar que o animal está doente, já que ele tem hábitos noturnos;
  • Manter em dia a vacina da raiva em animais de estimação, como cães e gatos.

Em casos de colônias de morcego em casa, a recomendação é ligar para o centro de zoonoses da cidade, que irá avaliar a situação e fazer orientações para remoção.

Veja mais notícias da região no G1 Paraná.

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