O Brasil tem condições econômicas muito fortes de enfrentar essa nova crise econômica mundial, pois já enfrentou bem a de 2008. Mas nenhum país está imune a suas consequências. A avaliação é do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que ontem proferiu em Goiânia palestra para os governadores do Centro-Oeste sobre a atual conjuntura econômica. 
Ele ponderou, porém, que vai depender de como essa nova crise vai se manifestar, se vai afetar o comércio internacional ou a atividade econômica mundial. Em 2008, foi por um canal que ele considerou mais grave, o financeiro. Meirelles disse que depende muito de como a crise se transmite e ainda estamos em um processo de avaliação. “O Brasil tem condições sim (de enfrentar a crise) devido ao seu forte crescimento econômico e às medidas tomadas nos últimos oito anos”, afirmou.
Meirelles afirmou que um dos fatos que devem ser acompanhados com atenção são as negociações que estão sendo feitas na Europa, pois a capacidade da União Europeia de providenciar um pacote de suporte financeiro aos países em dificuldade está se mostrando exaurida. O crescimento econômico na Europa é próximo a zero, na média, resultado da questão fiscal dos países do Sul do continente. “A grande questão é como inverter o processo de crescimento da dívida pública e de queda do Produto Interno Bruto (PIB). Um corte fiscal muito acentuado e de austeridade geral, principalmente na Grécia, tem gerado uma queda do PIB que torna a recuperação econômica muito difícil”, avalia.
Estados Unidos
Outro foco de instabilidade apontado pelo ex-presidente do BC é a economia norte-americana, que tem previsão de crescimento baixo, mas positivo. Além disso, apresenta uma grande incerteza quanto ao futuro por causa das negociações referentes à questão fiscal, que são fortemente influenciadas pelo debate eleitoral. Para Meirelles, o cenário mais provável é que a economia norte-americana continue a crescer de forma moderada, existindo sempre o risco de uma recessão caso surja um problema mais sério na Europa ou Estados Unidos.
Segundo Henrique Meirelles, há grande diferença entre a crise financeira mundial de 2008 e a atual. A primeira foi uma crise essencialmente norte-americana, de crédito do setor privado, com um colapso posterior do sistema bancário. Ela foi revertida por meio de aporte de investimentos dos governos na economia, principalmente nos Estados Unidos. A crise de 2008 se transmitiu ao Brasil quando todas as linhas internacionais de crédito entraram em colapso. Naquela época, o país estava bem, as medidas foram eficazes e o Brasil voltou a crescer muito rápido. 
Agora a crise é diferente, explicou, porque houve um crescimento muito grande da dívida pública de alguns países europeus e uma preocupação muito grande do mercado financeiro com a sus­- tentabilidade dessa dívida pública. Em consequência dessa crise, há preocupação com a situação dos bancos.
 
Fonte:  O Hoje

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