Centenas de milhões de gafanhotos do deserto invadiram países no leste do continente africano, dizimando plantações, pastagens e colocando em risco uma população que já convive com a insegurança alimentar e a fome. Países como Somália e Etiópia vivem a pior infestação de gafanhotos em 25 anos, já o Quênia, um dos mais afetados, não registra uma infestação dessa magnitude em pelo menos 70 anos.

Na última quarta-feira (29/01) a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) da ONU alertou que essa é uma ameaça sem precedentes! Os enxames de insetos (um deles medindo 40 km por 60 km) já devoraram milhares de hectares de plantações de alimentos como milho, sorgo e feijão, além de pastagens destinadas a criação de gado. Segundo a FAO, um pequeno enxame de gafanhotos, com um tamanho de mais ou menos 1 km², pode consumir comida o suficiente para 35 mil pessoas em apensas um dia!

No Quênia uma área de 70 mil hectares já foi infestada. Na Somália o ministro da agricultura declarou emergência nacional devido a ameaça que essa infestação de gafanhotos representa para a frágil situação de segurança alimentar do país. Os enxames também chegaram a Índia e Paquistão, Sudão do Sul e Uganda também estão em risco e há grande preocupação com a formação de enxames na Eritreia, Arábia Saudita, Sudão e Iêmen.

FAO

@FAO

Desert 🦗🦗 are the most destructive migratory pests in the 🌎.

It is the worse invasion in Somalia and Ethiopia in 25 years and in 70 years for Kenya.

The next planting season is just weeks away.

We need to scale up control efforts fast!

Vídeo incorporado

481 pessoas estão falando sobre isso

Apesar das autoridades estarem realizando pulverizações de pesticidas por superfície e por aviões, a escala de infestação está ainda muito além da capacidade de combate aos insetos, isso porque os gafanhotos conseguem viajar numa velocidade de 150 km por dia e se multiplicar de forma muito rápida.

As condições meteorológicas por trás dessa infestação

De acordo com especialistas, os enxames de gafanhotos estão presentes na Índia, Irã e Paquistão desde junho de 2019. As fortes e volumosas chuvas que caíram no Irã no ano passado permitiram com que os insetos migrassem e se reproduzissem, já que as chuvas que ocorrem no deserto criam uma rica vegetação favorável para a reprodução dos gafanhotos.

david pilling

@davidpilling

The locust swarms – one as big as Moscow – that are devastating east Africa https://www.ft.com/content/40df32fe-4037-11ea-bdb5-169ba7be433d 

Ver imagem no Twitter
1.405 pessoas estão falando sobre isso

Essas chuvas excessivas estiveram relacionadas ao evento de Dipolo do Oceano Índico, que estabeleceu um novo recorde positivo em outubro do ano passado. Lembrando que na fase positiva desse dipolo anomalias quentes de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre o Oceano Índico Oeste e anomalia negativas no Oceano Índico Leste. Essas anomalias quentes de TSM próxima a costa africana contribuem para um aumento das chuvas e aumento da atividade de ciclones.

Em dezembro de 2019, o Ciclone Pawan despejou grandes quantidades de chuvas em Omã, Iêmen e Somália, o que permitiu com que os enxames de gafanhotos se espalhassem para o leste da África, através do Mar Vermelho. Produtores e especialistas agora temem que o número de gafanhotos aumente com o início da temporada de chuvas, que começa em março. Estimativas indicam que até junho o enxame pode crescer até 500 vezes!

Fonte: Tempo.com

Deixe seu Comentário

All fields marked with an asterisk (*) are required