A família do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia britânica em julho de 2005, enviou uma carta ao premiê da Grã-Bretanha, David Cameron, pedindo uma investigação sobre o possível grampo telefônico do qual teria sido vítima Alex Pereira, primo de Jean Charles.

Alex Pereira teria sido informado pela polícia britânica de que o seu telefone consta da relação de milhares de números que podem ter sido interceptados por um detetive particular contratado pelo tabloide dominical News of The World.

O News of the World era um dos títulos do conglomerado News Corporation (News Corp.) que pertence ao magnata Rupert Murdoch. A publicação foi fechada devido a uma série de denúncias de grampos a telefones de celebridades, familiares de vítimas de sequestros e de atentados, do ex-premiê britânico Gordon Brown, entre outras cerca de quatro mil pessoas.

Na carta enviada a Cameron e assinada por Patricia Armani, Vivian Figueiredo e Alessandro Pereira, primos de Jean Charles, eles informam que seus “advogados contataram oficiais envolvidos na operação Weeting (que investiga os grampos feitos pelo jornal) que confirmaram ontem (quarta-feira) que o telefone de Alex Pereira, um dos primos de Jean Charles, foi encontrado na lista de grampos do detetive particular Glen Mulcaire”.

No documento, eles informam que, a pedido da polícia, a equipe de advogados forneceu o nome e os telefones de membros da família de Jean Charles que também podem constar da relação de grampos.

De acordo com os primos de Jean Charles, caso a suspeita se confirme, seria uma “intrusão flagrante e injustificada de privacidade” e “uma tentativa deliberada de restringir” o “direito fundamental de obter reparação para a matança ilegal” do brasileiro.

Vazamentos

O texto da carta ao premiê acrescenta ainda que “com a aproximação do sexto aniversário da morte de Jean, na próxima semana, nós escrevemos para exortá-lo a fazer tudo dentro do seu poder para assegurar que a polícia investigue rapidamente este assunto sensível e relate suas investigações para nossa equipe jurídica o quanto antes”.

No documento, os primos de Jean Charles lançam ainda suspeitas sobre o ex-comissário-assistente da Polícia Metropolitana de Londres Andy Hayman, que comandou a investigação sobre o grampo telefônico e que teria, segundo eles, vazado informações falsas para imprensa ”tentando manchar o caráter de Jean”.

De acordo com o texto enviado pelos familiares de Jean Charles, a recente cobertura de imprensa sobre o grampo telefônico mostra que Hayman, que depois se tornou um colunista do jornal The Times, também pertencente à News Corp., teve “um relacionamento próximo, inclusive com possíveis laços financeiros” com o grupo de imprensa.

Eles ainda afirmam que “os jornais da News International (a divisão de jornais britânicos da News Corp.) forneceram algumas das mais virulentas e muitas vezes enganadoras coberturas a respeito da morte de Jean e seu resultado”.

 

Fonte: IG

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