Os fiéis da Igreja Evangélica Luterana que tiveram o templo de sua congregação destruído pelos escombros do prédio de 24 andares que desabou na madrugada da última terça-feira, em São Paulo, decidiram que vão fazer cultos ao ar livre, agora que só restaram a torre e o altar do templo.

Filiada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), fica na avenida Rio Branco, no centro de São Paulo, ao lado de um dos prédios invadidos por movimentos de moradia na região. O edifício acabou desabando após um incêndio.

A Arquidiocese e a Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo disponibilizaram seus templos para que os membros da Igreja Evangélica Luterana realizem seus cultos.

“Nos próximos domingos, nós vamos nos reunir na Igreja Luterana da Paz, em Santo Amaro (bairro da Zona Sul de São Paulo), e na nossa comunidade em Vila Ema”, afirmou o pastor Frederico Carlos Ludwig, que lidera a congregação que teve seu templo histórico destruído. “Vai levar entre 10 e 15 dias para remover os escombros, segundo os bombeiros. Depois, vamos entrar num processo de limpeza. E aí vamos passar a nos reunir a céu aberto”.

Inaugurada no dia de Natal de 1908. A Martin Luther é uma das igrejas evangélicas mais antigas da cidade de São Paulo e foi o primeiro templo neogótico a ser erguido na capital, antes mesmo da Catedral da Sé e da Catedral Evangélica (Presbiteriana). O projeto da igreja foi assinado pelo arquiteto Guilherme von Eÿe, que também foi responsável pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.

A igreja ainda tinha um órgão alemão centenário de tubos e vitrais confeccionados por Conrado Sorgenicht, que também é autor das peças que decoram o Theatro Municipal de São Paulo e o Mercado Municipal.

Em 1992, a igreja foi tombada como Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo. Entre 2012 e 2013, o templo passou por reformas. O pastor Frederico Carlos estima que cerca de 80% da igreja foi destruída pelos escombros.

O pastor se mostrou grato às várias manifestações de solidariedade e apoio de pessoas e entidades do Brasil e do mundo. A Prefeitura de São Paulo ainda não entrou em contato com a igreja.

Frederico lembrou que reerguer o templo não é apenas a reforma de um local de culto, mas também de um centro de apoio aos desabrigados. Ele acredita que dentro de três semanas conseguirá retomar o trabalho de assistência aos moradores de rua, mantido pela comunidade luterana, que conta com mais de 500 famílias. Às sextas-feiras, a igreja sempre suas portas para moradores de rua, com alimentação, apoio espiritual e espaços adequados para realizarem a higiene pessoal.

“São Paulo é uma metrópole que não tem banheiros para os moradores de rua. Aqui, eles podiam usar o banheiro. Às sextas-feiras, havia um momento de oração na Igreja e um lanche para eles”, contou o pastor. “Eles faziam artesanato, que depois era vendido e o dinheiro repartido entre eles. Eles deixavam os documentos deles com a gente e pegavam quando precisavam. Nós cuidávamos de documentos de mais de 200 moradores de rua”.

Muitos moradores que viviam no prédio que desabou também frequentavam a igreja às sextas-feiras e tinham contato com o pastor.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES D’O GLOBO

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