O Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito qualificaram nesta segunda-feira como normal a troca da cúpula militarpromovida pelo presidente Mohammed Mursi no fim de semana. O mandatário também retirou das tropas, que comandaram o país na transição após a queda de Hosni Mubarak, a maior parte do poder.

Em comunicado, a junta militar considerou a passagem como normal “porque se trata de uma transferência de responsabilidade para uma nova geração de egípcios que protegerá o país”. O grupo afirmou que nunca quis ficar no poder e que terminou sua missão após as eleições presidenciais, em junho.

“As forças políticas deram nesta segunda-feira seu apoio à remodelação da cúpula militar, ainda que muitos mostraram seu receio ante a concentração de poder que o presidente passa a ter”, disseram os militares, pedindo que todos os que achavam que as tropas pretendiam ficar no poder revisem suas posturas.

No domingo (12), Mursi anunciou a aposentadoria do ministro da Defesa, Hussein Tantawi, que comandou a junta militar e o país entre fevereiro de 2011 e junho desde ano, quando passou o poder para o atual presidente.

Além dele, foi afastado o chefe do Estado-Maior, Sami Anan, e anulada a emenda constitucional que entregava às tropas o poder Legislativo. Com isso, Mursi concentrará todo o poder até que sejam convocadas novas eleições para o Parlamento, destituído em junho.

Na ação, o presidente anunciou ainda o juiz Mahmud Mekki como seu vice. Este é apenas o segundo vice-presidente egípcio em 30 anos, já que Hosni Mubarak nunca havia nomeado um substituto até a revolta de 2011, quando chamou o chefe dos serviços de inteligência Omar Suleiman para o posto.

PRESIDÊNCIA

Mursi assumiu oficialmente a Presidência do Egito no dia 30 de junho. Primeiro presidente democrático do país árabe, o ex-líder do braço político do grupo islâmico Irmandade Muçulmana prometeu manter a ordem constitucional e os interesses do povo egípcio.

Em discurso de posse, fez referência a Deus e jurou manter o sistema republicano e disse respeitar o Tribunal Constitucional, apesar de ter contestado a decisão que dissolveu o Parlamento, dias antes da eleição presidencial.

“Respeito e valorizo o Tribunal Constitucional e seus veredictos. Todos temos interesse em que [o Tribunal] deve permanecer independente, forte, efetivo, sem que ninguém tenha influência sobre ele, uma instituição livre em um país livre”.

“Hoje, o povo egípcio estabeleceu as bases de uma vida nova, de uma liberdade total, de uma verdadeira democracia”, afirmou no discurso.

Mursi derrotou o último primeiro-ministro de Mubarak, Ahmed Shafiq, na eleição presidencial, que teve o segundo turno celebrado nos últimos dias 16 e 17. O islamita recebeu 51,73% dos votos.

DISSOLUÇÃO

Em 14 de junho, dois dias antes das eleições no país, o Tribunal Supremo do Egito decidiu que a Câmara Baixa do Parlamento egípcio seria dissolvida e novas eleições teriam que ser realizadas.

A decisão da Justiça se basearia em uma regra segundo a qual um terço das cadeiras do Parlamento deve ser ocupado por candidatos independentes, que não foi respeitada e tornaria o Parlamento “parcialmente inconstitucional”, de acordo com a agência oficial de notícias Mena.

Com base no descumprimento da regra, a Justiça anunciou que todo o Parlamento deveria ser dissolvido.

Fonte: Folha

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