O antigo presidente dos Estados Unidos George W. Bush disse, numa entrevista exclusiva ao canal National Geographic, que a sua impassibilidade perante as notícias sobre os ataques terroristas de 11 de Setembro foi uma decisão consciente para projetar uma aura de calma no meio de uma crise.

 Nesta entrevista, Bush reflete sobre aquilo em que pensou no momento mais dramático da sua presidência quando foi informado que um segundo avião de passageiros embateu nas Torres Gémeas de Nova Iorque.

 George W. Bush encontrava-se numa sala de aulas na Florida e o incidente, que foi gravado por câmaras televisivas, tem sido usado com frequência por críticos para ridicularizar a sua aparente serenidade.

 Bush disse que podia ver os jornalistas ao fundo da sala de aulas a receber as notícias nos seus telemóveis “e foi como ver um filme mudo”. Rapidamente, descreve, apercebeu-se que muitas pessoas estariam a observar a sua reacção. “Portanto tomei a decisão de não saltar e abandonar imediatamente o local. Não queria assustar os miúdos. Queria projetar uma sensação de calma”, explicou sobre a sua decisão de permanecer sentado e em silêncio.

 “Já me envolvi em crises suficientes para saber que a primeira coisa que um líder tem de fazer é projetar calma”, acrescentou. O antigo chefe de Estado sabia antes de ter entrado na sala que um avião tinha atingido uma das torres, mas, como a maioria, pensava que tinha sido um acidente. Descobriu estar errado quando o chefe de gabinete da Casa Branca Andy Card entrou na sala e se aproximou do Presidente para lhe dizer ao ouvido: “Um segundo avião atingiu a segunda torre. A América está a ser atacada.”

 A National Geographic informou que Bush dá “detalhes íntimos” sobre os seus pensamentos e sentimentos num modo nunca antes visto. Na maior parte da entrevista, Bush conta como foram as primeiras horas do dia em que os terroristas da Al-Qaeda desviaram os quatro aviões que se despenharam contra o World Trade Centre e o Pentágono.

 O especial George W. Bush: Entrevista 11 de Setembro, com uma hora de duração e sem narrador, vai para o ar a 28 de Agosto e faz parte do conjunto de programas intitulado Relembrando o 11 de Setembro, que vai ser difundido durante essa semana para assinalar o décimo aniversário dos ataques.

 

O diretor e produtor executivo, Peter Schnall, disse que Bush, o qual tem surgido raramente em público desde o fim do seu mandato a Janeiro de 2009, não trouxe quaisquer apontamentos para a entrevista, feita em dois dias no mês de Maio, nem nenhumas questões lhe foram apresentadas antecipadamente.

 

“O que verão é a história pessoal de um homem que por acaso também era o nosso Presidente. Ouvi-lo descrever como lidou com sentimentos de raiva e frustração ao mesmo tempo que com as suas responsabilidades presidenciais para liderar o nosso país durante este ataque devastador foi incrivelmente poderoso”, disse Schnall.

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