São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, abriga a maior coleção particular de Bíblias do Brasil e uma das maiores do mundo. Na casa do pecuarista e ex-ministro da Agricultura Antonio Cabrera Mano Filho existem mil exemplares, em 2.800 idiomas

As Escrituras ocupam as prateleiras dos dois andares da casa, em um condomínio de luxo. Entre elas, partes da primeira edição da Bíblia imprensa pelo alemão Joahnnes Gutenberg utilizada no século 14.

Uma versão igual, só que completa, foi vendida em leilão por 12 milhões de dólares, cerca de R$ 30 milhões.

Além da versão que ajudou a começar a Reforma Protestante, existem outras raridades na coleção, como uma Bíblia de 1487, editada por Francis Fry, escrita em latim. Ela fica junto com a primeira tradução em português, de 23 volumes, feita pelo pastor João Ferreira Almeida.

O exemplar da Torá – 5 primeiros livros da Bíblia – é datado do ano 900 e foi feito em pergaminho. Da Inglaterra ele obteve outra preciosidade: a Bíblia real que era utilizada pela rainha Elizabeth. O exemplar ainda está na caixa original. Há exemplares em línguas como o inupiat, falada na costa ocidental do Alasca, e até algumas em dialetos africanos.

Chamam atenção os manuscritos originais, escrito em papiro, em couro, folhas de bananeira, entre outros materiais. A coleção conta com um exemplar da Bíblia feita em velino (couro de ovelha), em 1200. Cada página significa uma ovelha morta. “O papiro não podia ir para regiões frias, então faziam em velino. Para fazer uma dessas precisa de 500 a 600 ovelhas e o serviço demora de 13 a 15 anos, por isso era caríssima e inacessível”, conta.

“É um hobby e uma maneira de preservar a história. O brasileiro tem a memória muito curta. Além disso, a Bíblia é o alicerce, contém os valores judaicos cristão, que são a essência da nossa civilização, base da democracia, do trabalho. É o corrimão da estrada da vida”, explica o colecionador.

A origem da coleção

Antonio Cabrera Mano Filho é terceira geração da família que cuida do acervo. No total, entre Bíblias, livros e manuscritos, todos sobre religião, são cerca de 63 mil objetos.

O primeiro contato da família do Cabrera Mano com a Bíblia foi através de Belino, bisavô de Antônio. Ele era italiano e chegou no Brasil no século 19, onde trabalhava na construção da estrada de ferro. Certo dia, para fugir da chuva se abrigou em um pequena construção, que ficava no caminho de casa.

Era o templo de uma igreja presbiteriana, que naquele momento realizava um culto. “[Belino] Sentou no último banco e o pastor falou ‘só Jesus salva’. Ele achou aquilo o máximo, tirou o chapéu da cabeça, jogou no meio do corredor e repetiu isso umas três vezes. E ninguém fez nada. Ele chegou em casa e falou para minha bisavó que no outro domingo queria que ela levasse as filhas àquela igreja porque as pessoas eram amigáveis e contavam bonitas histórias da Bíblia”, conta o ex-ministro.

Uma das filhas, a avó de Antônio, começou a guardar atas e livros, dando início à coleção. “Isso faz quase cem anos e até hoje vamos na igreja. Faço parte da Igreja Presbiteriana Central e dou aulas lá aos domingos”, conta Mano Filho.

Com informações Diário da Região

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