Três dias após o governo da Venezuela divulgar que Hugo Chávez teve piora em Cuba, a cúpula da oposição exigiu que os dirigentes do chavismo digam “toda a verdade” sobre o estado do presidente e declarem que ele não está em condições de governar.

“Pretender que as pessoas acreditem que o presidente está no exercício de suas funções é de uma irresponsabilidade descomunal”, disse Ramón Guillermo Aveledo, dirigente da coalizão oposicionista MUD (Mesa da Unidade).

Aveledo disse que faltam “dados fundamentais” sobre o quadro de Chávez, que convalesce em Havana de uma cirurgia oncológica realizada no dia 11, e culpou o próprio governo pela onda de rumores sobre a saúde do presidente.

Em Caracas, homem pendura cartaz em apoio a Chávez
Aveledo disse que, caso Chávez não possa ser juramentado, sua “ausência temporária” deve ser declarada. Neste caso, o chefe do Legislativo assume interinamente.Ele rejeitou a tese de que a posse do novo mandato de Chávez, prevista para o próximo dia 10, possa ser adiada.

A “ausência temporária” poderia ser legalmente estendida por até 180 dias, seguida de novas eleições.

A oposição considera apelar às instâncias do Mercosul, do qual a Venezuela faz parte desde agosto, e da OEA (Organização dos Estados Americanos) caso seja adiada a posse.

“Vamos esgotar as vias internas e, depois, as externas. Temos o Mercosul e a OEA. Essas instâncias estão aí para preservar a democracia dos Estados que fazem parte delas”, disse  Ramón Jose Medina, número 2 da MUD.

FORÇA HAVANA

Em entrevista anteontem à rede chavista Telesur, o vice-presidente, Nicolás Maduro, anunciou que voltaria de Cuba para Caracas ainda ontem.

No entanto, em sua conta no Twitter, o ministro de Ciência e Tecnologia, Jorge Arreaza, genro de Chávez, disse que estava reunido ontem em Havana com Maduro e o irmão de Chávez, Adán.

Segundo Arreaza, a condição de Chávez “segue sendo estável dentro de seu quadro delicado”. Anteontem, Maduro disse que o presidente está “consciente” de que seu estado de saúde é “complexo”.

Ontem foi a vez de o presidente da Bolívia, Evo Morales, íntimo aliado do esquerdista, manifestar preocupação. “Tomara que possamos vê-lo em breve, acompanhá-lo, mas a situação do irmão presidente Chávez é muito preocupante.”

BRASIL

O governo brasileiro monitora o estado de Chávez e os movimentos da oposição, concluindo até agora que não há riscos de ruptura institucional. O melhor exemplo da “serenidade” da oposição, para o governo, é a tentativa de negociação com chavistas para adiar o dia da posse.

Oficialmente, Planalto e Itamaraty dizem que a presidente Dilma torce pelo pronto restabelecimento de Chávez -o que já é considerado, extraoficialmente, fora de questão.

Fonte: Folha

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