Em valores nominais, o PIB somou R$ 1,09 trilhão no terceiro trimestre, segundo o IBGE; investimentos tiveram terceiro resultado negativo seguido na comparação anual.

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre foi de 0,6% na comparação com o segundo trimestre deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores nominais, o PIB somou R$ 1,09 trilhão no terceiro trimestre.

O resultado foi puxado pelo desempenho da agropecuária, que cresceu 2,5% na comparação com o trimestre anterior, seguida pela indústria, com avanço de 1,1%. O setor de serviços teve variação nula.

No ano, o PIB avançou 0,7%, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, previu um crescimento “nada espetacular”do PIB e afirmou que o governo vai tomar mais medidas “pró-crescimento” da economia, com novos setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento e estímulos aos investimentos.

O resultado do crescimento do PIB anunciado hoje pelo IBGE veio bem abaixo da previsão dita pelo ministro, que esperava um número entre 1% e 1,3% na comparação trimestral.

Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda disse que o governo esperava mais. Apesar disso, Mantega reiterou que a economia está em trajetória de aquecimento e recuperação, com destaque para a indústria da transformação. Ele projeta uma expansão de 1% do PIB no quarto trimestre.

O IBGE também revisou o crescimento do PIB do segundo trimestre deste ano ante o primeiro trimestre de 0,4% para 0,2%.



Investimentos em queda

Os investimentos apresentaram resultado negativo pela terceira vez seguida na comparação anual, igualando o resultado da crise de 2008 e 2009.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 5,6% no terceiro trimestre de 2012 na comparação com o mesmo período do ano passado. Esse foi o maior recuo nessa base de comparação desde o terceiro trimestre de 2009.

Na comparação com o trimestre anterior o número também veio negativo, com queda de 2,0%. Foi o maior desde o primeiro trimestre de 2009, auge da crise financeira internacional.

Com isso, os investimentos produtivos completaram o mais longo período de queda em 13 anos. São cinco trimestres seguidos de retrocesso na FBCF, sempre na comparação do trimestre com o período imediatamente anterior. A atual sequência é menor apenas do que as seis quedas verificadas entre o segundo trimestre de 1998 e o terceiro de 1999.

Apesar do resultado negativo, o ministro da Fazenda afirmou em entrevista nesta semana que a meta é transformar os investimentos no “carro-chefe” da economia, crescendo 8% em 2013 e 12% em 2014. Neste ano, segundo Mantega, os investimentos devem recuar cerca de 3%.

Entretanto, os dados divulgados pelo IBGE hoje mostram que no ano a FBCF acumula queda de 3,9% ante o mesmo período do ano passado. Segundo o IBGE, a taxa de investimento em relação ao PIB (FBCF/PIB) no terceiro trimestre de 2012 foi de 18,7%.

Segundo analistas, as recentes intervenções do governo em vários segmentos produtivos – como o de energia elétrica – afasta investidores, receosos a respeito da segurança do ambiente de negócios do Brasil.

Comparação com 2011

Já ante o terceiro trimestre do ano passado, o crescimento do PIB foi de 0,9%. Na mesma base de comparação, o PIB da agropecuária teve aumento de 3,6%. No acumulado do ano até setembro, o PIB da agropecuária caiu 1% ante o mesmo período do ano passado.

O PIB da indústria mostrou queda de 0,9% ante o mesmo período do ano passado e no acumulado do ano até setembro caiu 1,1% ante o mesmo período do ano passado.

Em relação ao terceiro trimestre de 2011, o PIB de serviços mostrou alta de 1,4% no terceiro trimestre de 2012. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o PIB de serviços subiu 1,5% ante o mesmo período do ano passado.

Consumo

O consumo das famílias, segundo o IBGE, registrou alta de 0,9% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre do ano. Já na comparação com o terceiro trimestre de 2011, aumentou 3,4% no terceiro trimestre de 2012. No ano, o consumo das famílias subiu 2,8% até setembro ante o mesmo período do ano passado.

Já o consumo do governo teve alta de 0,1% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre de 2012. Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, subiu 3,2%. No ano, o consumo do governo avançou 3,2% ante o mesmo período do ano passado.

Exportações e importações

As exportações cresceram 0,2% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre do ano. O IBGE informou ainda que as vendas externas caíram 3,2% na comparação com o terceiro trimestre de 2011. No ano, as exportações recuaram 0,1% ante o mesmo período do ano passado.

Segundo o instituto, as importações contabilizadas no PIB caíram 6,5% no terceiro trimestre na comparação com o segundo trimestre do ano. Foi a maior desde o primeiro trimestre de 2009, quando as importações recuaram 15,0%

Em relação ao terceiro trimestre de 2011, as importações caíram 6,4%. Foi a mais intensa desde o terceiro trimestre de 2009, quando ficou negativa em 11,4%. No ano, as importações avançaram 0,2% ante o mesmo período do ano passado.

A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços e as variações porcentuais divulgadas dizem respeito ao volume. Já na balança comercial, entram somente bens e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços.

Segundo o IBGE, a queda tanto nas importações quanto na produção nacional de máquinas e equipamentos puxou o recuo na FBCF. O movimento ainda foi influenciado pela desaceleração da taxa de crescimento na construção civil.

Fonte: Estadão

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