Ao perder seu quinto ministro em um período de cem dias, a presidente Dilma Rousseff tenta conciliar a imagem de intolerante à corrupção com a necessidade de manter o apoio do PMDB.

Demitido por conta de uma governanta, um chofer e uma estadia em motel — todos pagos com dinheiro público —, o ministro do Turismo, Pedro Novais, deixou o cargo sem provocar traumas na relação do Planalto com o principal partido de sustentação do governo.

Foi por precaução que Dilma mudou o estilo de se livrar de auxiliares incômodos. Quando decidiu exonerar Alfredo Nascimento dos Transportes, em julho, a presidente agiu à revelia do PR e criou uma defecção no consórcio governista.

Houve ameaça de revide disparada pelo partido, e boa parte da base de apoio no Congresso cogitou promover uma CPI como resposta à decantada faxina que Dilma estaria disposta a realizar na Esplanada.

Desde então, a petista passou a conduzir com sangue-frio as substituições de ministros. Nelson Jobim (Defesa) só caiu após a terceira alfinetada sucessiva no governo, e Wagner Rossi (Agricultura) permaneceu um mês sob alvo de denúncias antes de capitular.

No caso de Jobim, Dilma não queria contrariar o ex-presidente Lula, padrinho da indicação. A presidente foi ainda mais cautelosa na queda de Rossi, a despeito da coleção de suspeitas que recaíam sobre o ministro. Como o titular da Agricultura era vinculado ao vice-presidente Michel Temer, Dilma não queria abrir uma crise institucional.

Essa flexibilidade política de Dilma foi cultivada por Lula. Em sucessivos encontros com a presidente, o petista a avisou dos riscos de se afrontar a base governista com demissões sumárias. O resultado foi que a exoneração de Novais foi a menos traumática entre todas as quedas de ministros.

Além de não ter nenhuma interlocução com a presidente — só foi recebido uma vez no Planalto em oito meses e meio de governo —, era unânime a avaliação de que ele nunca reuniu condições de ser ministro e de que seria substituído na reforma do primeiro escalão que Dilma pretende conduzir no final do ano.

Fonte: Zero Hora

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