Violentos combates com artilharia pesada e foguetes aconteciam nesta terça-feira (23) em torno do complexo residencial do ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, no bairro de Bab al-Aziziya, em Trípoli, segundo testemunhas.

O local foi bombardeado por aviões da Otan durante a madrugada, segundo fontes dos rebeldes antigoverno que tomaram Trípoli no fim de semana e agora caçam o ditador, cujo paradeiro segue desconhecido.

Na véspera, Saif al Islam, filho do ditador, reapareceu, negando relatos sobre sua prisão, e disse que seu pai está bem e organizando a resistência militar aos rebeldes.

“Estou aqui para desmentir as mentiras”, declarou Seif al-Islam aos jornalistas estrangeiros no perímetro de Bab al-Aziziya, o complexo residencial do pai, em referência ao anúncio de sua detenção.

“Trípoli esta sob nosso controle. Todo mundo pode ficar tranquilo. Tudo está bem em Trípol

Seif al-Islam afirmou ainda que as forças leais ao regime infligiram “elevadas perdas hoje (segunda-feira) aos rebeldes que assaltavam” a residência-quartel de Bab al-Aziziya.

A rede de TV Al Jazeera relatou que combatentes rebeldes estão próximos aos portões da fortaleza, e mostrou imagens de disparos e fumaça na região.

O quartel-general do ditador fica perto do hotel Rixos, onde estão hospedados muitos jornalistas estrangeiros. O edifício estremeceu às 11h locais (6h de Brasília) após uma forte explosão nas proximidades, o que criou uma onda de pânico entre os repórteres, que se refugiaram no subsolo.

Aviões, aparentemente da Otan, sobrevoavam a capital. Soldados do regime protegiam o hotel, que abriga 30 correspondentes internacionais.

O Rixos permanecia sem água ou energia elétrica, que são restabelecidas apenas por uma hora durante a noite.

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), o argentino Luis Moreno Ocampo, havia confirmado horas antes que recebera informações confidenciais segundo as quais Seif al Islam, objeto de uma ordem de prisão da corte por crimes contra a humanidade cometidos na Líbia, havia sido detido pelos rebeldes.

Mas, nesta terça-feira, o porta-voz do TPI afirmou que o tribunal nunca recebeu uma confirmação sobre a detenção.

O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafah Abdel Jalil, também afirmara na segunda-feira ter recebido informações seguras sobre a prisão.

Mohamed Kadhafi, outro filho do ditador que também teve a prisão anunciada no domingo pelos rebeldes, conseguiu escapar, de acordo com fontes rebeldes em Benghazi. Ele teria tido ajuda de homens leais a Kadhafi.

Nesta terça-feira, as forças do regime de Kadhafi dispararam três mísseis Scud dos arredores de Sirte, reduto do regime, contra Misrata, cidade controlada pelos rebeldes, informou a Otan, que classificou o ato como “irresponsável”.

O enviado especial da ONU para a Líbia, Abdel Ilah Jatib, revelou que o regime líbio havia solicitado sua intervenção para negociar antes da ofensiva rebelde de sábado.

Os rebeldes entraram em Trípoli na noite de sábado e já controlam a Praça Verde – lugar simbólico no qual os partidários do regime costumavam se reunir – e a sede da televisão estatal, que desde a segunda não transmite sua programação diária, mas as forças leais a Kadhafi ainda resistem em alguns bairros, incluindo Tajura, Suq-Joma e Fashlom.

Segundo o Centro de Imprensa dos rebeldes, reforços estão chegando a Trípoli por mar a partir da cidade de Misrata, a 200 km ao leste, para garantir a tomada da capital.

O presidente americano, Barack Obama, e membros da União Europeia já dão como certa a queda de Kadhafi e prometeram, na segunda-feira, ajudar o futuro governo líbio.

“O regime de Kadhafi está chegando ao fim. O futuro da Líbia está nas mãos de seu povo”, declarou Obama na ilha de Martha’s Vineyard (Massachusetts, nordeste dos EUA), onde passa férias por alguns dias com a família.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o regime líbio está em “plena retirada” e que Kadhafi deve abandonar qualquer esperança de permanecer no poder.

A China anunciou que respeita a decisão do povo líbio e espera que a estabilidade retorne rapidamente à Líbia.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, se declarou “totalmente solidário” com o governo rebelde na Líbia; e o Egito reconheceu o órgão político dos rebeldes como o governo legítimo líbio.

A queda de Trípoli ocorre mais de seis meses depois do início dos protestos populares contra Kadhafi na chamada “Primavera Árabe”, que já derrubou os presidentes do Egito, Hosni Mubarak, e da Tunísia, Ben Ali.

Fonte: G1

Deixe seu Comentário

All fields marked with an asterisk (*) are required