Quando chegou, há 10 anos, Alessandra Lopes Oliveira, de 25 anos, encontrou Portugal num momento em que o país passava a adotar o euro e numa década de crescimento, mesmo que tímido. A moeda única facilitou o acesso ao crédito externo e atraiu dinheiro ao mercado interno. No próximo dia 26 — “se deus quiser”, como diz –, ela deixa um país em recessão, sob intervenção do FMI e com desemprego recorde.

“Estou indo pelo mesmo motivo que vim: dinheiro. Ouvi dizer que há muito serviço lá [no Brasil], que vou chegar trabalhando”, diz o marido dela, o serralheiro Alan Kaster Lopes, de 23 anos, em Portugaldesde 2007.

Os dois são os últimos das respectivas famílias ainda morando no país europeu — e juntam-se a um contingente de brasileiros em retorno. “Meu pai e meu irmão foram embora em 2010. A minha mãe também foi, em junho, e montou um mercado em Campo Grande. Vamos os dois trabalhar lá”, diz Alessandra.

Esse fluxo não é controlado com precisão, seja pelo governo brasileiro ou pelo português, em grande parte por conta de irregularidades na imigração. Um dos indicadores possíveis para medi-lo, contudo, é o volume de pedidos de ajuda ao Programa de Retorno Voluntário da Organização Internacional para a Migrações, órgão da ONU que paga o bilhete de volta para imigrantes em situação precária.

De 2007 para 2010, o número de pedidos de brasileiros em Portugal disparou: foi de 320 para 1.791, crescendo mais rapidamente do que a média de todas as nacionalidades. Em 2011, os brasileiros representam 88% do total de inscritos, ante 69% em 2007.

Crise na oportunidade
Portugal abriga uma das maiores colônias brasileiras no exterior. Segundo  relatório do Itamaraty, em 2008, era a 5ª maior do mundo. Os brasileiros constituem a principal comunidade estrangeira no país, de acordo com o governo português, com 119.363 imigrantes legais, ou 27% do total.

Em 2003, o desemprego português era de 6,3%, quase a metade do brasileiro à época, de  12,4%. Naquele ano, 1 euro vaila aproximadamente R$ 3,30. Condições que tornavam Portugal uma oportunidade interessante para fazer a vida no exterior. De lá para cá, porém, ela tornou-se menos atraente.

Com a crise econômica na zona euro, a taxa desemprego em Portugal é que passou a ser o dobro da do Brasil, estando hoje em 12,4%, contra os 6,2% brasileiros. De junho de 2007 a junho de 2011, o número de brasileiros inscritos nos centros de emprego em Portugal continental mais que dobrou: foi de 4.281 para 9.506.

fonte: g1

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