O único sobrevivente da chacina que deixou quatro motoristas de aplicativo mortos em Salvador, na última sexta-feira (13), disse que clamou a Deus antes de fugir dos criminosos.

Os motoristas haviam sido acionados via aplicativos Uber e 99 por duas travestis. No local da suposta corrida, eles foram rendidos por três homens. Segundo a Polícia Militar, as vítimas foram torturadas e assassinadas a golpes de facão, dentro de um barraco localizado na rua do Nepal, na comunidade Paz e Vida. Os corpos foram arrastados até um terreno a cerca de 10 metros do barraco.

Os homens assassinados foram identificados como Alisson Silva Damascena dos Santos, 27, Daniel Santos da Silva, 30, Genivaldo da Silva Félix, 48, e Sávio da Silva Dias, 23.

O governador da Bahia, Rui Costa, disse à imprensa nesta terça-feira (17) que os assassinatos dos quatro motoristas teriam sido ordenados por um traficante, após a mãe dele ter uma corrida cancelada.

O sobrevivente — que preferiu não ser identificado — contou que um dos criminosos teria dito que a ordem para matar os motoristas vinha de um “coroa”, que deu ordem “para matar todo mundo”. Neste instante, a vítima pediu para conversar com Deus.

“Aí quando eles [suspeitos] começaram a enrolar, aí perguntei: ‘Eu posso falar com Deus?’. Ele falou ‘pode’, aí foi o momento que eu falei: ‘O Senhor é o Deus das causas impossíveis, eu estou no laço do passarinheiro, me tira do laço do passarinheiro, eleva meus olhos para os montes de um onde vem meu socorro, vem do Senhor que veio do céu e da terra’. E quando chegou no final da oração do salmo 121, o rapaz [suspeito] colocou a pistola em cima da geladeira para pegar o morto [uma das vítimas]”, disse em entrevista à TV Bahia.

Enquanto o sobrevivente orava, o motorista Genivaldo da Silva Félix reagiu. “Quando [o suspeito] foi pegar o morto, esse senhor de 48 anos levantou correndo e pegou a pistola, quando ele pegou a pistola eles [os suspeitos] empurraram os paletes, que a cerca era palete, e tentaram pegar a pistola [da mão do motorista], foi o momento que eu saí das amarrações, puxei a do pé e saí só com o da boca”, contou o motorista.

Guiado por Deus

A vítima disse que pulou de um barranco e mergulhou em um poço de lama, que o engoliu até o peito. “Eu não conseguia sair andando, porque a lama estava até o peito. Então, eu segurava na árvore e rastejava, só que quando eu segurava, a árvore balançava e então eles atiravam na direção da árvore que estava balançando”.

O sobrevivente conseguiu chamar a polícia ao chegar em uma área do presídio de Salvador. “Quando eu cheguei no final [do barranco], eu vi os cachorros latindo e Deus falando: ‘Os cachorros vão ser sua salvação, porque com certeza o segurança vai ouvir os cachorros latindo’. Quando eu cheguei próximo aos cachorros latindo já era a parte de cima em plano e não aguentava andar e Deus falava: ‘Levante que você vai voltar para casa, use toda a força que você tem’”.

“Eu levantei [da lama] e levantei o braço. Como é um local que acho que era do presídio, se eu não me engano, eu levantei a mão e o segurança já veio com a arma em punho, só que ele viu que eu estava todo sujo de lama, eu caí e não tinha mais força, caí e pedi socorro”, relatou.

Foi então que ele conseguiu pedir ajuda aos policiais. “Foi o momento que primeiro eu ouvi os gritos, quando estava subindo e depois eu ouvi os tiros. Eu falei, eles estão matando os meus amigos. Eles me sequestraram, aí foi que o segurança me levou para a portaria, chamou apoio, aí a polícia chegou, foi o momento que eu dobrei o meu joelho e agradeci a Deus, que só Deus das causas impossíveis pode me salvar”, afirmou.

Em nota, a Polícia Civil da Bahia informou que “as investigações estão em curso, sem detalhes a serem divulgados, no momento, para não interferir na apuração do caso”.

COM INFORMAÇÕES DO UOL

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