Fortalecer os núcleos familiares e educar os jovens para que não sejam atraídos por ideologias extremistas. Essas são as soluções apresentadas por lideranças islâmicas de todo o mundo, que estão reunidas neste fim de semana, em um congresso em São Paulo, para enfrentar o terrorismo e as crises que acometem as comunidades muçulmanas.

Representantes de mais de 20 países muçulmanos participam entre hoje (16) e amanhã (17) do 30º Congresso Internacional Islâmico, organizado pelo Centro de Divulgação do Islã para a América Latina e Caribe (CDIAL).

Durante a cerimônia de abertura, realizada na noite de ontem (15), o apelo para que as famílias muçulmanas se fortaleçam e deem apoio aos jovens, evitando que sejam atraídos por grupos extremistas, foi unânime.

“Precisamos criar meios de fortalecimento educacional e intelectual dos jovens para que não caiam no discurso extremista, nas armadilhas do terrorismo intelectual ou religioso mascarado”, disse o presidente do CDIAL, Ahmad Ali Saifi. “A família é o núcleo principal contra todos os desvios”.

Já o ministro de Assuntos Islâmicos da Arábia Saudita, sheikh Saleh Bin Abdul Al Aziz Al Sheikh, afirmou que “os jovens precisam aprender o Islã verdadeiro”, o que evitaria uma aproximação “com pessoas que promovem o terrorismo”.

“Temos enfrentado situações que podem mudar a imagem da sociedade muçulmana. Por isso, todas as ramificações islâmicas precisam colaborar para promover a imagem positiva da sociedade muçulmana”, disse o representante do regime saudita.

A Arábia Saudita segue o wahabismo sunita, uma vertente ultraconservadora do Islã, e tem o Irã, de maioria xiita, como seu principal adversário. O regime saudita, que propaga o wahabismo, já foi acusado de, supostamente, influenciar o surgimento de grupos terroristas como a Al-Qaeda, o Estado Islâmico, o Boko Haram e o Al-Shabbab, que também adotam a vertente. Oficialmente, porém, a Arábia Saudita condena as organizações.

Mas os líderes muçulmanos reunidos em São Paulo reafirmaram a necessidade de desvincular o Islã dos episódios de terrorismo.

“Quem pratica o mal no mundo não são pessoas muçulmanas”, disse o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben. “O terrorismo modificou a imagem do Islã e agora temos a grande responsabilidade de transmitir a verdadeira mensagem da nossa religião. O Brasil é uma prova de que o mundo pode conviver em harmonia”, completou.

Conselheiro para assuntos externos do líder palestino Mahmoud Abbas e representante da corte da Sharia, o diretor Mahmoud al-Habash também defendeu que “o terrorismo que ataca o mundo não é exclusivamente islâmico”.

“Os ataques contra [a minoria muçulmana] rohingya em Myanmar não é terrorismo? Expulsar as pessoas das próprias casas não é terrorismo? O Estado Islâmico é terrorista, mas existem outros que não são muçulmanos e praticam o terrorismo também”, criticou. “O terrorismo que atacou Londres é o mesmo que ataca a Arábia Saudita, Myanmar, Jerusalém…O terrorismo não tem religião”, disse.

Além de lideranças muçulmanas, o congresso atraiu representantes da Igreja Católica, como o bispo Carlos Lema Garcia, e o deputado federal Antonio Goulart.”O mundo vive um momento conturbado e ainda existe preconceito contra a comunidade islâmica”, comentou o parlamentar.

Fonte: ANSA

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