Os altos preços dos alimentos, que estão alcançando picos históricos, e a contínua volatilidade de matérias-primas nos mercados estão colocando em risco os cidadãos mais pobres do mundo. O alerta é do Banco Mundial (BM). O último Observatório de Preços dos Alimentos da instituição financeira, divulgado em agosto, diz que o valor da comida segue sendo “significativamente” mais alto do que há um ano e está perto do nível recorde registrado em 2008.
Segundo o relatório do Banco Mundial, em junho os preços dos alimentos foram 33% maiores do que no ano anterior, enquanto os preços do petróleo aumentaram 45%, uma alta que afeta os custos de produção e o preço dos adubos, que subiram 67% durante o mesmo período. 
A instituição financeira aponta que alimentos básicos, como o milho e o trigo, subiram 84% e 55%, respectivamente, enquanto o açúcar teve uma elevação de 62% e o óleo de soja aumentou 47%. No comunicado, o presidente do BM, Robert Zoellick, ressalta que a contínua alta dos alimentos e o baixo nível de reservas indicam que o mundo ainda se encontra em uma zona de perigo para as pessoas mais vulneráveis, principalmente aquelas que vivem no continente africano.
Patamares elevados
Na avaliação do economista e gerente de Pesquisas Sistemáticas e Especiais da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan), Marcelo Eurico de Sousa, responsável pela pesquisa da inflação de Goiânia, o aumento dos preços dos alimentos básicos está em ritmo menor este ano, mas as cotações permanecem em patamares elevados devido aos reajustes expressivos ocorridos em 2010. No ano passado, inclusive, a inflação apurada na capital pela secretaria, de 8,08%, foi influenciada basicamente pela alta dos preços dos alimentos, que acumularam índice de 15,35%. 
Ele lembra que, para as famílias goianienses, com renda de até cinco salários mínimos por mês, os gastos com alimentação respondem por 30% dos seus gastos totais. Por isso, o alerta do Banco Mundial, que está preocupado com os cidadãos mais carentes do planeta, tem sentido, embora no Brasil as famílias, com mais acesso ao emprego, tenham registrado elevação na renda. “O alerta do Banco Mundial é sério e demonstra que temos necessidade de uma política mundial de produção agrícola e controle de estoques de alimentos”, defende Marcelo Eurico.
Alimentos básicos como arroz, feijão, trigo, milho e carne bovina permanecem com cotações em patamares elevados em 2011, informa o economista. O açúcar, particularmente, voltou a apresentar alta bem significativa em julho. Esses reajustes têm impacto no orçamento das famílias mais pobres. 
As crises nos EUA e em países da Europa, por outro lado, podem significar menos exportações e mais oferta de alimentos no mercado interno brasileiro. Mas podem também desestimular a produção agrícola devido ao recuo das cotações agrícolas.
 
Fonte: O Hoje

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