Multidões estão ouvindo sobre o Evangelho de Cristo pela primeira vez em países inalcançados do Oriente Médio. No entanto, o principal foco do campo missionário não está na meta de conversões, mas sim no verdadeiro discipulado.

O evangelista Chileno Vergara, fundador do ministério One Passion, tem realizado cruzadas evangelísticas em países onde os cristãos são minoria. Em sua última cruzada, realizada no Paquistão, o batismo de uma idosa levou uma multidão a descer às águas.

Mesmo com os riscos, Vergara tem percorrido locais hostis ao lado de sua esposa, Lana, e uma equipe de pessoas dispostas a cumprir o propósito bíblico do ‘ide’.

“Se fossemos escolher o caminho mais fácil, a igreja nunca teria saído de Jerusalém e ido até os confins da Terra. Não nos movemos por oportunidade nem por necessidade, mas sim pelo propósito de Deus”, disse Chileno em entrevista exclusiva ao Guiame.

Assim como indica seu apelido, Cristopher Vergara nasceu no Chile mas têm uma forte relação com o Brasil, onde consolidou seu ministério. “Grande parte do que eu sou hoje é graças ao Brasil. Tudo o que eu semeei no Chile, eu colhi abundantemente no Brasil”, destaca.

Filho de um ex-presidiário, Vergara se converteu ao cristianismo aos 17 anos através das orações de sua mãe. Depois de uma experiência com Deus “no mesmo sofá em que ela orava”, ele nasceu de novo e começou sua jornada cristã.

Pouco depois ele iniciou o Seminário de Teologia no Chile e passou a servir sua igreja local através de serviços de limpeza. Vendo a disposição de Vergara, seu pastor o convidou para trabalhar no Instituto Canzion, fundado pelo cantor Marcos Witt. Nesse período, ele passou a receber profecias a respeito de uma nova vida em outro país.

Movido pelo sonho de trabalhar com o evangelista Reinhard Bonnke — conhecido principalmente por suas cruzadas evangelísticas em toda a África — Vergara foi até uma conferência em Curitiba, no Paraná, e falou com o representante do ministério Bonnke na América Latina.

“Eu falei com ele em inglês: ‘Eu viajei desde o Chile porque Deus me chamou para trabalhar aqui com vocês. Eu não quero dinheiro, eu só quero que vocês me deixem limpar os banheiros. Me dê seus banheiros por seis meses, e você verá os melhores banheiros do escritório. Ele me respondeu: ‘Ninguém nunca pediu isso’. Cheguei lá e não tinha nem onde morar, mas Deus começou a providenciar em minha vida”, Vergara conta.


Chileno Vergara, fundador do One Passion, faz cruzadas evangelísticas em países do Oriente Médio. (Foto: Chileno Vergara)

Chileno Vergara passou a participar de conferências ligadas a Bonnke por todo o Brasil, e também passou a pregar nas igrejas do país, consolidando seu ministério.

Seu chamado para evangelizar multidões foi desenvolvido ao longo da caminhada cristã, segundo Vergara. “Comecei a perceber em mim uma paixão por levar Cristo, eu gostava de evangelizar. Isso começou a crescer e se desenvolver”, disse.

Inicialmente, o ministério One Passion realizava cruzadas evangelísticas nos países inalcançados. Depois, as cruzadas passaram a gerar batismos, e os batismos passaram a gerar treinamentos de nativos, que resultaram na plantação de igrejas e escolas.

“Hoje creio, sem dúvidas, que a maior expressão do ‘ide’ é a plantação de igrejas. Deus não me chamou para fazer novos convertidos, Ele me chamou para fazer discípulos. As cruzadas são só o primeiro passo, já que geralmente não temos contato anterior com as pessoas”, explica Vergara.

Evangelho para as multidões

Para Vergara, a principal diferença entre o evangelismo individual e o evangelismo em massa está na “forma como se pesca”. “A Bíblia claramente nos mostra isso. Algumas pessoas são pescadas com caniço, outras com a mão, outras com a rede. Eu confesso que, por alguma razão, a multidão sempre tem vindo. Eu subo em cima de uma ponte ou de um caminhão, e ela começa a vir para escutar o Evangelho”, observa.

“Sei que há muitas pessoas fazendo um trabalho importante evangelizando um a um, mas Deus me deu graça para evangelizar em massa. Eu gosto, tenho facilidade. Em qualquer lugar que eu vou, o pessoal começa a ouvir e uma multidão se forma para ouvir o Evangelho”, acrescenta.


Chileno Vergara, fundador do One Passion, faz cruzadas evangelísticas em países do Oriente Médio. (Foto: Chileno Vergara)

A principal dificuldade de evangelizar os países inalcançados é, em primeiro lugar, a perseguição religiosa. “Não só os cristãos, todas as religiões sofrem perseguição religiosa. Os muçulmanos no Mianmar, por exemplo, são perseguidos pelos budistas”, destaca.

“É importante destacar que essa perseguição vai muito além de alguém cortar a cabeça, decapitar ou queimar. A perseguição acontece em todos os aspectos – muitos não têm acesso à educação, emprego ou nem mesmo à água”, explica. “Tem lugares que, só por ter uma igreja, os valores das propriedades ao redor caem”.

Em segundo lugar, está a dificuldade da falta de apoio da igreja livre em relação à igreja perseguida. “Menos de 1% dos recursos da igreja ocidental vão para países perseguidos. O investimento é pouquíssimo, há pouca consciência; a maioria das igrejas mandam missionários para países que já foram evangelizados”, observa o evangelista.

“Eu creio que muitas igrejas não ajudam não porque não querem, mas porque não sabem como. Há muitos países que eu não consigo mais entrar por causa da minha exposição, mas eu me exponho para que todo mundo possa conhecer a realidade dos países perseguidos e inspirar milhares de pessoas, para que entendam que não há país fechado para o poder do Espírito Santo, e que o inferno não vai prevalecer. Por isso que eu faço o que faço”, completa.

“Às vezes é mais fácil abrir uma igreja em um quarteirão onde há cinco igrejas do lado. É por que é a vontade de Deus? Eu creio que não, é porque é mais fácil. Mas se fossemos escolher o caminho mais fácil, a igreja nunca teria saído de Jerusalém e ido até os confins da Terra. Não nos movemos por oportunidade nem por necessidade, mas sim pelo propósito de Deus. Porque se fosse por oportunidade ou necessidade, seríamos oportunistas em nome de Deus”, finaliza Vergara.

FONTE: GUIAME, LUANA NOVAES

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