Mesmo com a lei que obriga o proprietário a legalizar o porte de armas de fogo no Brasil, todos os dias mais de quatro casos de irregularidades são flagrados em Goiás. Nos primeiros seis meses de deste ano, a Polícia Militar apreendeu 800 armas sem registro no Estado. Nestes 181 dias, de janeiro a junho, a média diária atingiu 4,41 apreensões a cada 24 horas. Tal razão é 17,6% maior que a registrada em 2010 – média de 3,75 por dia –, quando foi recolhido um total de 1.369 armas. O montante atual, ainda na metade do ano, já representa 58,4% em relação ao anterior.
O que chama a atenção no dia a dia e que é destacado pela PM é a relação do porte ilegal com outros crimes. A maioria das ocorrências de apreensão de armas não ocorre isoladamente. Quase sempre descobre-se a irregularidade quando se efetua flagrantes de tráfico, roubo, assaltos, homicídios e latrocínios. E assim tem sido. A teoria é simples: parte significativa dos crimes, sejam pequenos ou grandes, é cometida com respaldo de uma arma. Contudo, diante do avanço da violência em Goiás (veja quadro), por mais que o policiamento ostensivo seja feito, não é de se espantar a continuidade das apreensões.
Conforme estatística da Polícia Civil, o número de ocorrências no primeiro semestre de 2011 foi maior em todos os delitos listados em relação ao mesmo período de 2010. Estupro, homicídio doloso, latrocínio, roubo a estabelecimento comercial, roubo a transeunte, roubo em residência e tentativa de homicídio, todos estes crimes registraram aumento em Goiás. Somando a quantidade de registros, a elevação entre um ano e outro é de 46,2%. Isso não quer dizer que todo crime seja cometido com arma ilegal, mas a maior presença da criminalidade não deixa de facilitar os flagrantes e o consequente aumento das apreensões. 
A grande pergunta, no entanto, é de onde vem esses armamentos. A hipótese de que poderia haver no Estado um contrabando ou tráfico de armas é rechaçada por representantes do policiamento no Estado. O assessor de comunicação da PM, coronel Divino Alves, acredita que exista muitas armas circulando em Goiás, mas tudo influência do transporte delas pelo Brasil, já que se trata de um estado central. O diretor geral da Polícia Civil, Edemundo Dias, também aposta na interligação e na ideia de um esquema nacional, que seria, contudo, alimentado por atividades ilegais de outros países, especialmente nas fronteiras entre Paraguai e Bolívia.
Referendo
Em 2005, os eleitores brasileiros participaram de referendo que perguntava se a comercialização de armas de fogo e munições devia ser proibida no País, cabendo somente às áreas competentes da segurança pública o livre acesso a elas. A decisão de 63,94% dos votantes foi pela permanência da venda. A possibilidade de qualquer pessoa poder adquirir uma arma, desde que cumpra os requisitos da lei 10.826 de dezembro de 2003, não deixa de ser questionada.
 
Fonte: O Hoje

Deixe seu Comentário

All fields marked with an asterisk (*) are required