Das 72 carteiras com aplicação inicial inferior a R$ 500 oferecidas pelos cinco maiores bancos, apenas 28 têm taxa menor do que 1%

A mudança no cálculo da poupança colocou os fundos de investimento como a melhor opção para quem quer aplicar em renda fixa. A regra, contudo, só vale para as carteiras com taxa de administração inferior a 1%. Para se adequar a esse cenário, muitos bancos reduziram suas taxas, mas a medida chegou para poucos investidores. Para se ter uma ideia, das 72 carteiras com aplicação inicial inferior a R$ 500 oferecidas pelos cinco maiores bancos, apenas 28 têm taxa menor do que 1%. Ou seja, a poupança ainda é mais vantajosa do que 60% dos fundos destinados ao pequeno investidor, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

“Acostumados a um outro cenário, de juros maiores, os investidores ingressaram em carteiras com taxa de administração bem mais alta. Taxas de 3% ou 4%, por exemplo, pesavam, mas o retorno ainda era grande”, explica o professor José Dutra Vieira Sobrinho, da Fipecafi.

O professor explica que o investidor ainda precisa ficar atento a outro custo do fundo: o Imposto de Renda. “A rentabilidade divulgada nos jornais e nos extratos bancários é líquida apenas da taxa de administração. Para saber quanto de fato irá ganhar, o investidor ainda deve descontar IR de 22,5% a 15% sobre o ganho, dependendo do período da aplicação”, afirma (veja no gráfico o peso dos custos para os investimentos).

Redução das taxas não chega ao pequeno investidor
Há dois meses, a indústria de fundos vem implementando mudanças para tornar o investimento mais competitivo na comparação com a poupança. As duas principais alterações foram a redução das taxas de administração e da aplicação inicial e a criação de novas carteiras. O Banco do Brasil, por exemplo, reduziu a aplicação inicial de dois dos seus fundos antes destinados a grandes investidores, de R$ 50 mil para R$ 1.

“Quisemos tornar esses dois fundos (Renda Fixa LP 50 mil e Referenciado DI LP 50 mil) mais acessíveis. Para ter acesso a essas carteiras, o investidor deve ir à agência e aderir ao programa ‘Bom para Todos'”, explica o presidente da BB DTVM, Carlos Takahashi. Ambos cobram 1% de administração. O executivo explica que, antes da queda dos juros e da mudança na fórmula de cálculo da poupança, as taxas de administração estavam na casa dos 3%.

Na indústria de fundos em geral, contudo, o que se vê é que as reduções nesse custo não foram para todos os pequenos investidores. Ou seja, a maioria dos maiores fundos de varejo ainda não reduziu sua taxa. É o caso do Hiperfundo DI do Bradesco, do Classic DI do Santander e do Super DI do Itaú Unibanco, que figuram entre os maiores da categoria, com patrimônio líquido de R$ 5,7 bilhões, R$ 3,2 bilhões e R$ 1,1 bilhão, respectivamente. Em todos eles, o valor inicial para investimento é de R$ 100 e as taxas cobradas continuam em patamares que deixam a aplicação menos vantajosa em relação à poupança – de 4,5%, 5% e 2,5%, respectivamente.

Para justificar as taxas mais altas, os bancos afirmam que nessas carteiras o investidor possui alguns benefícios, como os sorteios. Essa opção, contudo, vai contra o objetivo de rentabilidade maior. O Social 50, do Banco do Brasil, é um deles. O banco explica que parte do valor arrecadado com a taxa de administração de 2,6% é destinada a projetos sociais do banco. Já o LP 100 sorteia prêmios financeiros, que podem chegar ao valor de um carro ou uma casa. “Os fundos têm custos legais, como tarifas com a Anbima e CVM e emissão de extratos, que outros produtos não possuem”, diz Takahashi. Bradesco, HSBC, Santander e Itaú Unibanco não quiseram comentar a cobrança de taxas mais altas.

Tendência

Na busca de rentabilidade maior, os bancos já estão aumentando a parcela de títulos privados em carteira. Por regra de autorregulação da Anbima, os fundos de renda fixa devem ter pelo menos 80% em títulos públicos. Aqueles que tiverem mais de 20% em títulos privados de médio e alto risco devem levar no nome o Crédito Livre.

“A rentabilidade aumenta conforme aumenta o risco. O investidor deve estar ciente disso”, diz o administrador de carteiras, Fábio Colombo. Nesse contexto, ele avalia que taxas até 1,5% no curto prazo e 2% no longo prazo são competitivas na comparação com a poupança. “A rentabilidade destes fundos com crédito privado na média está em 110% do CDI.”

Todos os bancos foram consultados na reportagem, mas Bradesco, HSBC, Itaú Unibanco e Santander não deram retorno. A Caixa Econômica Federal não oferece atualmente nenhum fundo com taxa acima de 2%.

Fonte:Estadão

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