O uso do cheque está caindo em desuso em Goiânia, como ocorre em quase todo o Brasil. Há uma década, o pagamento através desse meio vem diminuindo gradualmente. Para se ter uma ideia, no ano de 2001, o cheque liderava a forma de pagamento no comércio, com 46%.

Atualmente, não chega a 16% do total das transações comerciais, e deverá diminuir ainda mais, de acordo com os lojistas goianos.

É comum observar nos postos de gasolina, nas pequenas e grandes lojas espalhadas por toda a cidade avisos nas vitrines e junto aos caixas: “não aceitamos cheques”, ou “não trabalhamos com cheques”.

 

Dias contados

Na opinião do presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), José Evaristo dos Santos, o uso do cheque está com os dias contados. Contudo, a assessoria econômica da Serasa Experian acredita que ainda é cedo para falar em fim do cheque.

Entre janeiro e julho de 2001, foram compensados 1,75 bilhão de cheques em todo o Brasil. No mesmo período do ano passado foram 652,57 milhões. Nos primeiros sete meses deste ano, foram 589,68 milhões, segundo dados da Serasa Experian. Portanto, em um ano houve uma redução de 10,6% na emissão de cheques. Nos últimos 12 meses, a queda foi de mais de 170%.

Em Goiás, em julho de 2007, foram compensados 4,64 milhões de cheques, dos quais 102,1 mil foram devolvidos por falta de fundos. No mesmo período do ano passado, foram transacionados 3,41 milhões de cheques e 71,9 mil foram devolvidos. Em julho último, o número de cheques compensados caiu para 3,18 milhões, mas os devolvidos aumentaram para 78 mil.

Restrições

A diretoria da Flávios Calçados, uma rede de lojas em Goiânia e no interior do Estado, decidiu restringir o recebimento de cheques, seja para desconto à vista ou pré-datado, para evitar calotes. Atualmente, o recebimento de cheques no total das vendas não passa de 1%, segundo o gerente de Crédito e Cobrança da empresa, Genésio Franco Júnior. “Preferimos trabalhar com cartões, carnês da própria loja ou pagamento em dinheiro”, disse.

Também, cansados de serem os maiores alvos dos “caloteiros” de cheques, os postos de combustíveis de todo o Estado pararam de trabalhar com cheques. “Aceitamos pagamentos com cheques apenas daqueles clientes fieis, antigos, muito conhecidos, e que já tem cadastro conosco”, justifica o empresário Luiz Pucci, dono de uma rede de postos em Goiânia.

Ele informa que, apesar de terem cortado o recebimento de cheques para pagamento de combustíveis, as vendas não caíram. “Quem trabalha com cheque firme, que tem saldo na conta que sustenta a compensação, não se incomoda de usar cartões de crédito ou de débito ou mesmo pagar com dinheiro em espécie. O cheque é um meio de pagamento falido”, afirma Luiz Pucci, que é diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Estado (Sindiposto).

Vulnerabilidade

José Evaristo observa que os comerciantes estão receosos de trabalhar com cheques devido a sua vulnerabilidade. Ele lembra que o calote era grande demais no comércio goiano. “As pessoas emitiam cheques e depois sustavam o pagamento, faziam pequenas rasuras para inviabilizá-lo, falsificavam assinaturas, além do recebimento de cheques roubados e clonados”, reclama o presidente da Fecomércio-GO.

Ele lembra que, atualmente, até mesmo os bancos estão incentivando seus clientes a optarem pelo uso dos cartões de crédito ou de débito, que são mais seguros e têm custo operacional menor. De acordo com as empresas de recuperação de crédito, o principal vilão da inadimplência no Brasil é o cheque.

Esse meio de pagamento já caiu em desuso, há muitos anos, em vários países europeus e nos Estados Unidos. Nos países desenvolvidos, por exemplo, 99% dos pagamentos são feitos sem uso dos cheques. As transações são feitas por meios eletrônicos, e o principal deles é o cartão de crédito.

No Brasil, outros meios de pagamento já estão sendo usados, como os débitos em conta corrente por meio de cartão bancário. Ele é muito mais seguro do que o cheque convencional e mais confiável até do que o cartão de crédito, já que não existe a possibilidade de estar clonado, pois além do cartão o cliente precisa digitar uma senha.

Fonte: Goaisnet

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